Fotografia: Nélson Cruz
À espera de obras de recuperação há dois anos, os sinos e carrilhões do Palácio Nacional de Mafra estão entre os “Sete sítios mais ameaçados da Europa”, anunciou ontem, em Viena, durante o Congresso Europeu do Património, a associação Europa Nostra, que se dedica à salvaguarda do património. Com esta distinção, a associação vai atribuir 10 mil euros de fundos de apoio à recuperação do património.
Aos carrilhões de Mafra juntam-se a Maquinaria de Cena do Teatro Bourla em Antuérpia, na Bélgica, os bairros de Dolcho e Apozari, em Castória, na Grécia, a Cidadela de Alessandria, em Itália, as igrejas de madeira na Transilvânia do sul e no norte da Oltenia, na Roménia, o bairro de habitações coloridas em Chernyakhovsk, na Rússia, e a sinagoga de Subótica, na Sérvia, entre os patrimónios mais ameaçados.
O alerta sobre a falta de recuperação dos sinos e carrilhões de Mafra tem-se revelado mais intenso nos últimos meses, até porque a obra é considerada urgente para que o monumento possa ser candidato a Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
À agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Mafra afirmou que esta eleição “pode constituir-se como elemento facilitador no financiamento da recuperação”, orçada em dois milhões de euros. Hélder Sousa Silva adiantou ainda que o avanço da obra “está em preparação e seria desejável que fosse iniciada até ao final do ano”, para que esteja terminada em 2017, altura em que se celebram os 300 anos do lançamento da primeira pedra do monumento.
Há dois anos, a Secretaria de Estado da Cultura anunciou uma verba de 1,8 milhões de euros para a recuperação dos sinos e carrilhões, mas as obras nunca avançaram. As estruturas estão, desde então, protegidas por andaimes, inibindo a sua queda, mas não evitando a degradação dum património que não sofre qualquer obra de manutenção desde 1928.
O Palácio de Mafra tem dois carrilhões e 119 sinos em bronze, constituindo, assim, o maior conjunto sineiro do séc. XVIII do mundo, a par dos seis órgãos que voltaram a tocar em 2010.
“Estas jóias do património cultural da Europa estão em sério perigo, algumas devido à falta de fundos ou competência técnica, outras devido a planeamento inadequado. Medidas urgentes são necessárias e serão organizadas acções de resgate durante e depois do Verão e propostos planos até ao final do ano”, lê-se no comunicado do Centro Nacional de Cultura (CNC), órgão representativo da Europa Nostra em Portugal.
A associação pan-Europeia Europa Nostra identifica os monumentos mais ameaçados e apela à necessidade de recuperação dos sítios, através do envio de peritos aos locais e da pesquisa de soluções de intervenção e financiamento.