Fotografia: Sérgio Oliveira
Bilhete de Identidade
Nelson Manuel Pires Jacinto (‘Fininho’ para os sô’primos)
Nascido a 15 de Maio de 1973 (46 anos) em Ribamar
Actualmente com licença sem vencimento dos Bombeiros da Ericeira
A Ericeira é linda, por favor não a estraguem…
A Ericeira é linda, por favor não a estraguem…
O que mais ama e menos gosta na Ericeira?
Adoro a Ericeira na Primavera, quando os dias começam a ficar maiores e o tempo mais quente; adoro a Ericeira antiga, o sossego e a tranquilidade que o mar nos traz. Não gosto que as pessoas venham estragar o que é nosso, o que tanto fazemos para manter esta terra linda e cheia de tradições.
Quais são as suas principais preocupações no presente e para o futuro da Ericeira?
A minha preocupação neste momento é a construção estar a começar outra vez a intensificar-se e não haver um cuidado para manter a arquitectura tradicional da Ericeira. Já temos algumas aberrações de construção na Ericeira e não precisamos de mais. Pode-se e deve-se construir, sim, mas com muito cuidado e controle.
As grandes superfícies, que já são muitas, trazem emprego mas também estão a destruir o pequeno comércio, do qual muitas famílias dependem para viver: uma terra sem pequeno comércio perde todo o seu interesse, o que não é bom para a sua economia.
A Ericeira está a ficar muito cara, e assim fica impossível os locais viverem cá. A Ericeira sem o seu povo deixa de ser a Ericeira e passa a uma estância de férias.
Muito mais haveria para dizer, talvez noutra altura e noutro tema.
A Ericeira sem o seu povo deixa de ser a Ericeira e passa a uma estância de férias
O que é ser Jagoz?
Ser Jagoz é ser pescador ou ter tradições de pesca, vir de famílias pescadoras, ter a sua própria pronúncia, ter a pele queimada do Sol e do sal; ser Jagoz é saber viver com o turista e receber muito bem, ser Jagoz é lindo e único.
Considera-se Jagoz?
Nasci em Ribamar e de Ribamar sou, com grande orgulho. Considero-me morador da Ericeira há 35 anos, tendo mãe Jagoza e pai saloio. Jagoz é nascer na Ericeira e ser de famílias Jagozas.
A Ericeira e os jagozes receberam-me há 35 anos e aqui estou, esperando nunca ter de sair desta linda vila, que tanto adoro.
Fui bombeiro profissional com grande orgulho durante 22 anos, fiz muito por esta terra e pelo seu povo, que tanto me deu e ainda continua a dar. Penso que isto faz de mim um pouco Jagoz.