Na Ericeira ouve-se o Mar

 

Texto e fotografia: Sónia Nunes

 

Na Ericeira… ouve-se o Mar.

Sempre.

Logo.

… pela manhã, mesmo sem espreitar, lá fora.

É ele que nos dá os bons dias…

Ora baixinho como o murmúrio de um búzio,
ora solene e com estrondo…

para sabermos que aqui…

o ritmo da vida…
é o seu!

E é.

É seu.

A Ericeira é o Mar abraçado pelas pessoas…

… ou, então, as pessoas, quando elas abraçam o Mar.

Aqui a tradição vem de tão longe, tão longe…

Quando caminho nas suas ruas acho que
consigo ver ainda as gentes antigas…

Aquelas que, originalmente, moravam nestas casas
tocadas pelo mar.

Aquelas que saíam de madrugada, de semblante carregado,
com vestes simples mas robustas para o enfrentar.

Para viverem dele.

Porque era ele que lhes dava a vida.

A vida que tinham…

A vida que viviam…

Todos os dias.

O Mar entra na Vila.

Pelo som.

Pela cor.

Pelo cheiro.

Creio, até, que a Ericeira teria sido, lá bem para trás,
um mundo submerso. Encantado.
Tal é a sua beleza.

Mas algum Deus se terá zangado e roubou a vila ao Mar…

Ele, teimoso… persiste colado a ela.
E ela a ele.

E… a Ericeira seria assim
uma linda história de encantar.

Perdida nos tempos…

E eterna, como o amor.