Fotografia: CMMafra
Não constitui uma novidade para (quase) ninguém que os negócios associados aos desportos de ondas têm constituído, a par das actividades turísticas, fortes alavancas económicas para a Ericeira nas últimas décadas e, duma forma ainda mais pronunciada, desde a consagração da Reserva Mundial de Surf, em 2011.
Recentemente, o presidente da Câmara Municipal de Mafra divulgou alguns números que ajudam a traçar o quadro actual.
No âmbito da Taça de Portugal de Surfing, conquistada Domingo pelo Ericeira Surf Clube, ao ser confrontado com um estudo que concluiu pela injecção de 400 mil euros na economia local na edição de 2018, também realizada na Foz do Lizandro, Hélder Sousa Silva considerou que “não se pode ver este evento de forma isolada, mas inserido numa estratégia alargada de promoção turística que tem vindo a ser desenvolvida pela Câmara Municipal de Mafra.”
existem mais de mil alojamentos locais no concelho de Mafra, estando cerca de 65% na freguesia da Ericeira
Por seu turno, prosseguiu o edil mafrense, “no contexto da economia local, verifica-se um reforço dos negócios associados aos desportos de ondas.”
E aqui a conjuntura regional é a seguinte, descontando os números da indústria de surf wear:
- 45 escolas de surf licenciadas na costa
- 1.106 alojamentos locais (cerca de 65% situados na freguesia da Ericeira e destes cerca de 50% vocacionados para o surf)
- 11 shapers
- 16 lojas de surf
Também por aqui se entendem as razões pelas quais a autarquia considera que a realização de eventos como a Taça de Portugal de Surfing (ou o EDP Billabong Pro, que acontece este mês na Ericeira) tem uma relevância estratégica, nomeadamente ao projectar nacional e internacionalmente o nome da Ericeira e ao contribuir para a respectiva dinamização económica.
Já existem estudos, académicos e não só, que abordam questões como o valor do turismo de surf na Ericeira. Embora o quadro conjuntural apresentado não seja imune a oscilações (até pela sua relação com as tendências turísticas, que não são permanentes), os negócios ligados ao surfing são na Ericeira algo com uma força e impacto estrutural, tal como já sucedia com as actividades turísticas, que registam uma tradição centenária na vila “onde o mar é mais azul”.
Importante é que se imponha uma lógica de sustentabilidade a médio/longo prazo, de forma a cuidar (e não a explorar) este filão que constitui, igualmente, um valioso património comum.
Esta publicação também está disponível em | This article is also available in: Inglês