Fotografia: Pedro Costa
Impressão Digital
João Sebastião Andrade Pedro de Santos Barros, mais conhecido por “Batão”
Nascido a 24 de Julho de 1972 em Lisboa, mas com dois meses de vida já estava na Ericeira.
Motorista e dono da Batãotours, uma empresa de transportes personalizados: fazemos transfers para o aeroporto, tours, shuttles, etc…
Quando é que começaste a surfar?
Comecei a apanhar ondas no Verão de 1982 na Praia do Sul da Ericeira. Na altura utilizava pranchas de esferovite em forma de prancha de Surf; com canivetes cortávamos o “Fin” e arrendondávamos a ponta. Mais tarde, em 1984, apareceram uns colchões chamados Repimpa (eram com a frente em ” V”), utilizávamos barbatanas Simotal e a isso chamava-se apanhar “carreirinhas” – foi o início da paixão que mais tarde iria evoluir para o Bodyboard.
Quantas pessoas surfavam pela Ericeira nessa época?
A Ericeira desde sempre foi um sítio escolhido por surfistas dos outros países que nos visitavam todos os verões: americanos, australianos, etc. Como tal, já havia uma comunidade local à volta do surf. Quem me meteu o gosto pelas ondas foi o meu pai e um primo que eram surfistas. No caso específico da Praia do Sul, éramos um grupo de 15 a 20 putos a fazer “carreirinhas”.
Ainda me lembro de Ribeira d’Ilhas sem estrada, só de jipe chegavas lá
Em que picos ou praias costumavam surfar mais?
Embora considere a Praia do Sul como o meu “quintal”, surfei muito Limipicos, Malhadinha, Moita, Pedra Branca, Reef, Ribeira d’Ilhas, Coxos e São Lourenço.
em 1990 foi Campeão Júnior do primeiro Circuito Nacional da Morey Boogie
Que memórias guardas desses tempos dourados?
Ainda me lembro de Ribeira d’Ilhas sem estrada, só de Jipe chegavas lá. Dentro de água estava a “velha guarda” toda, a malta da Semente, o Alex Oliveira, o Miguel Fortes, Miguel Ruivo, etc…
Recordo-me dos primeiros Campeonatos de Bodyboard, ainda organizados pelo Clube Naval da Ericeira, e (claro está) lembro-me da loucura dos primeiros Campeonatos Mundiais de Surf em Ribeira d’Ilhas.
Recordo-me também dos primeiros Campeonatos Nacionais da Morey Boogie em 1987 (vitória do Miguel Theriaga e segundo lugar de um local da Ericeira chamado Pedro Pinto) e 1988 (vitória do meu amigo Rodrigo Bessone), nos quais tive o prazer de entrar – no último fiquei em 7° lugar (posição atribuída a quem era eliminado nos Quartos de final. Nessa altura consegui vários patrocínios: primeiro da Utilmar, que era uma loja na zona Norte da Ericeira, depois do fatos O’Neill, mais tarde da Boomerang, que era uma loja na linha de Cascais do Alex Oliveira, que viria a ser o primeiro importador da Billabong; fui também apoiado pela Morey Boogie portuguesa e, finalmente, pela BZ com pranchas e pela Billabong com fatos. Entrei em vários campeonatos Open pelo país inteiro e, finalmente, em 1990 fui Campeão Nacional Júnior – no escalão sénior o vencedor foi o Rodrigo Bessone, mas nos júniores já tinhas nomes como Daniel Fonseca “Jojó”, Paulo Alexandre, Gonçalo Faria “Ratinho” – do primeiro Circuito Nacional da Morey Boogie.
Part 1 – Verão 1988, bodyboard @ Praia do Sul, Ericeira>>>Marquem quem identificarem<<<
Gepostet von Nuno Baptista am Samstag, 26. Januar 2019
Quais foram as maiores mudanças desde que começaste a surfar?
Além da evolução dos materiais utilizados no Bodyboard, assisti também à evolução das manobras. No início só havia “Cutback” e 360°, só mais tarde apareceram os “Rollos”; havia quem fizesse “parafusos” em frente na espuma, o que contava como manobra nos campeonatos, e não havia Dropknee, fazia-se com os dois joelhos ao mesmo tempo.
Continuas a surfar? Com que regularidade? Procuras fugir do crowd?
Sim, estou com 48 anos e continuo a apanhar umas ondas, não com a regularidade que gostava mas a minha paixão pelo Bodyboard continua. Hoje em dia evito “picos” com crowd, prefiro apanhar ondas menos conhecidas e estar só com cinco ou seis amigos e o meu puto dentro de água, já não tenho paciência para andar a lutar pela prioridade.
A essência do Bodyboard na Ericeira também mudou?
Com alguma tristeza, vi a evolução deste desporto que tinha uma “boa onda” (toda a gente se dava bem dentro e fora de água) para um negócio, que é o que impera hoje em dia.
O que mudou após a consagração da Reserva Mundial de Surf, em 2011?
Bem, como positivo tenho de salientar o turismo – a Ericeira antiga só funcionava nos três meses de Verão (no Inverno não se via quase ninguém), o que tornava difícil ter negócios numa zona tão sazonal –, a consagração da Reserva Mundial de Surf veio pôr a Ericeira no mapa mundial de surf e tornou-se num dos melhores destinos para surfar. Como negativo, tenho de salientar a exploração absoluta deste desporto, que virou um negócio: só escolas por todo o lado e o crowd aumentou 200%.
Part 2 – Verão 1988, bodyboard @ Praia do Sul, Ericeira>>>Marquem quem identificarem<<<
Gepostet von Nuno Baptista am Samstag, 26. Januar 2019