Obras: João Paramés
Cores primárias e garridas que contam histórias escondidas. É este o principal objectivo das obras de João Paramés que estão expostas na exposição “Narrativas Paralelas”, que pode ser visitada até dia 20 na Helder Alfaiate Galeria de Arte e no Vira Copos.
O artista lisboeta define-se como um amante da cor, que surge nos seus trabalhos em tons fortes e contrastantes, dando vida às histórias e personagens que desenha nas telas, num autêntico “festival de cores”. Um rol de elementos que apelam à criatividade dos observadores, que recriam na imaginação um sem número de possibilidades para definir os trabalhos de João Paramés.
O que é esta série figurativa que apresenta na Ericeira?
São telas que falam e que tocam para o observador enquanto ele vê. Ele percorre a tela e não encontra logo à primeira elementos que estão escondidos, mas que vão saindo à medida que sente o quadro e o percorre.
O que o motivou a fazer esta exibição?
Pinto sempre, pois preciso sempre de pintar e é sempre uma gratificação muito grande quando alguém vê os meus quadros e quando estão expostos. Pinto para mim, mas tenho a sorte do observador gostar do que faço. Como dizia Júlio Resende, “a pintura é o meu oxigénio”, e eu digo o mesmo.
Fortes cores primárias, figuras abstractas e contos infantis estão por detrás do conceito dos trabalhos. Porquê?
A cor existe e acho que deve ser usada o melhor possível e eu tento usá-la. Há quem diga que é muito difícil trabalhar a cor, mas pessoalmente não acho. Cada cor tem a sua função e é por isso que dá para fazer o que faço. A cor é como o pilar de uma casa, por alguma razão ele lá está. Não vivo sem a cor, tenho sempre que ter cores muitos fortes nos meus quadros, é algo que apenas me sai. A tela é o único espaço onde eu posso fazer o que quero sem regras, onde ponho os animais a cantar, a dançar, a sentir a música, pessoas a sentirem também a música com as suas mãos de três dedos e com os seus pés. Cada quadro tem sempre uma história ou, aliás, milhares de histórias, pois cada observador, quando entra dentro de um quadro, imagina sempre uma história. Olhar a minha pintura é entrar dentro de um sonho que está repleto de um festival de cores.
Que meios utilizou para estes trabalhos?
Os elementos de cores fortes são já uma imagem que eu criei, que fui amadurecendo à medida que cresci enquanto pintor e pessoa. É como uma sementinha que se põe na terra e vai germinando, e a pintura é mesmo assim: vai-se crescendo sempre, pois o nosso interior também cresce. Pinto em acrílico e em pastel de óleo, tal como se fizesse uma casa, sem nunca começar pelo telhado. Uma pintura tem que ser muito bem fundamentada para que tenha um grande impacto e que o quadro não esteja em desequilíbrio. Começo por um desenho a pincel e, à medida que o vou construindo, vou imaginando as cores e dando aguadas… É como as receitas: o segredo nunca se conta.
Que impacto deseja que esta exposição tenha nas pessoas
Apenas que as pessoas gostem e entendam e sintam a pintura. Apenas isso, e que a pintura lhes transmita muita cor e alegria.
O que o influenciou neste trabalho?
As ideias vão-me saindo, seja numa conversa, num momento, numa dança, num ballet, pois os quadros têm como fundamento a música, a dança, a ópera, e aí ponho os animais a cantar e sentir.
Conhece a Ericeira? Que relação tem com a vila?
Sim, já conhecia a Ericeira e é uma vila de que gosto muito. O Helder Alfaiate [gerente da Helder Alfaiate Galeria de Arte] acabou por me mostrar a vila com outros olhos e passei a gostar ainda mais.
Está a preparar novos trabalhos? O que nos pode adiantar?
Agora estou a preparar outra exposição que vou ter no Algarve, no Pestana Vila Sol, a partir de 15 de Abril.