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Em períodos de crise, costuma dizer-se que “enquanto uns choram, outros vendem lenços para limpar as lágrima”. E foi, precisamente, no contexto pandémico que o Ericeira Eats, lançado há menos de um ano, encontrou terreno fértil para desenvolver o seu projecto de entrega de refeições em casa. Nesta entrevista conversámos com Vítor Souza (fundador e responsável pela parte financeira e relações com os colaboradores) e Weslei Dias, responsável pelo desenvolvimento da aplicação móvel e pelas relações públicas com os restaurantes. Além dos traçarem o estado actual do negócio, que tem sido fundamental para manter restaurantes da região em funcionamento, também lançam algumas novidades para o futuro.
Há quanto tempo surgiu o projecto Ericeira Eats?
O Ericeira Eats começou a ser planeado em Dezembro de 2019. Um primeiro desenho da aplicação foi feito em Fevereiro de 2020, no entanto mudámos de estratégia para o modelo actual da aplicação. Após 4 meses de muito trabalho, no dia 8 de Maio de 2020 recebemos o nosso primeiro pedido.
A vossa principal inspiração foi a Uber Eats?
A nossa inspiração na Uber deu-se apenas em relação ao nome, pois por questões de marketing nos ajudou-nos no início ter o “Eats” no nome. Tivemos inspirações em várias aplicações que existem no mercado. A nossa ideia foi sempre ter algo que permitisse ao cliente realizar uma compra de uma forma fácil e intuitiva.
a nossa percentagem é a mais baixa do mercado
De que forma se diferenciam desta e doutras plataformas digitais internacionais?
O Ericeira Eats foi pioneiro, surgiu de uma necessidade local, pois não havia nenhum serviço deste género aqui na região.O foco do Ericeira Eats é e sempre será a valorização da restauração local e, diferentemente de outras plataformas que tem o livro da empresa em primeiro lugar, queremos que os restaurantes tenham a sua margem de lucro quase na totalidade e que os clientes não paguem demasiado para ter os deliciosos pratos da culinária da Ericeira no conforto de suas casas. Por isso, a nossa percentagem é a mais baixa do mercado. Outro ponto em que somos diferentes é a questão da disponibilidade do serviço: temos sempre colaboradores disponíveis para poderem realizar as nossas entregas.Finalmente, valorizamos o trabalho dos nossos colaboradores e, ao contrário das outras plataformas, a nossa taxa de entrega é 100% orientada para eles.
Quantos colaboradores têm actualmente?
Começámos com três colaboradores, os mesmos que idealizaram a aplicação. Ao fim de duas semanas contávamos com oito colaboradores, no final do Verão de 2020 tínhamos doze e actualmente contamos com 19 colaboradores.
Vocês têm tido um assinalável crescimento durante a pandemia, devido ao encerramento dos estabelecimentos de restauração ao público e ao confinamento da população – como é que se adaptaram a esta situação?
A actual situação que vivemos proporciona esse crescimento natural à nossa empresa. Podemos dizer que a nossa adaptação foi simples, pois o Ericeira Eats nasceu no início da pandemia, ou seja, tivemos que nos adaptar logo na nossa primeira entrega. Logo após o primeiro desconfinamento fizemos uma parceria com a Alimentarius, que nos deu uma formação sobre todas as práticas de segurança para os nossos colaboradores, assim como a realização de inspecções de higiene alimentar nas nossas malas de entregas.
Podem divulgar alguns dados sobre a vossa facturação desde que foi ordenado o primeiro confinamento, em Março de 2020?
O Ericeira Eats teve um grande ano de 2020 e, por ser uma empresa local e pequena, tivemos uma facturação relativamente boa.
Pensam que este vosso nível de volume de negócios se vai manter no pós-pandemia?
Acreditamos que sim, este tipo de serviço que fornecemos é algo que veio para ficar e é um dos maiores mercados do mundo. Dizemos sempre que, além de entregar comida, entregamos conforto e facilidade às pessoas que querem ter um pouco dos restaurantes na sua casa.Podemos dar um exemplo dos primeiros fins-de-semana em confinamento. Nestes dias o nosso número de clientes aumentou consideravelmente, mas esses números mantiveram-se nas semanas seguintes sem restrições.
acreditamos que estamos a ser fundamentais para evitar que muitos restaurantes estejam encerrados ou declarem falência
Sentem que estão a dar um contributo importante à segurança das pessoas e à sobrevivência dos negócios da restauração na Ericeira?
Certamente. O serviço de entrega é sempre feito com toda a segurança da nossa parte, com todos os Equipamentos de Protecção Individual necessários. Além disso, as pessoas conseguem ter uma segurança maior em relação ao serviço de take away, por exemplo. Quanto à sobrevivência dos negócios de restauração, acreditamos que estamos a ser fundamentais para evitar que estejam encerrados ou mesmo que declarem falência devido ao momento que estamos a viver. O Ericeira Eats tem trazido a muitos restaurantes um volume de pedidos igual ou maior do que quando estavam abertos ao público.
Os vossos colaboradores continuam a encontrar muitas pessoas sem máscaras quando vão entregar as encomendas?
Podemos dizer que 90% dos clientes respeitam as medidas de segurança, usando sempre máscaras e/ou luvas. Nos casos em que encontramos pessoas sem máscara na recepção de um pedido, os nossos colaboradores são sempre orientados a solicitar que o cliente coloque máscara e a oferecer álcool gel, caso o cliente solicite.
Já pensaram alargar a vossa actividade de entregas a outro tipo de produtos?
Sim, em breve teremos novidades sobre isso. Antes de terminar esta entrevista, gostaríamos de agradecer aos nossos colaboradores, que desafiam e vencem as condições meteorológicas para que as refeições cheguem a casa dos clientes. Agradecer também a todos os restaurantes que fazem parte da aplicação, por estarem abertos a esta nova proposta de trabalho e adaptarem-se ao nosso modelo de negócio. E, por último, agradecer a todos os clientes que tornaram o Ericeira Eats real e que são o motivo deste negócio existir e ter o seu projecto em constante crescimento.