Texto e fotografia: Sónia Nunes
Saiu disparado… a porta bateu atrás de si… com estrondo.
Não quis saber… não queria saber de mais nada!
Estava furioso… cheio de raiva.
Como se atrevera???
Como podia acusá-lo?
Chamá-lo de mentiroso??
Ele???
Nunca!
Percorreu a rua com rapidez, de cabeça perdida,
em direcção ao que conhecia…
Ao Mar, o seu Mar.
Era ele que sempre o acalmava.
Era ele a sua força, o seu maior segredo.
Quando chegava perto da Praia dos Pescadores…
dirigia-se ao muro.
Ao seu ponto mais alto, sempre!
E era de lá que saudava o velho amigo.
O confidente de todas as horas…
Era uma conversa telepática e honesta…
Conhecia aquele Mar desde que nascera.
Sabia quem ele era. A sua essência.
Perto dele sentia compreensão,
conexão… eram iguais.
Ele também o compreendia…
Também era temperamental…
A comunicação decorria enquanto se ia encaminhando para ele…
Ora em passo apressado… ora calmo… ora parado,
em contemplação, às vezes gesticulava…
… passo a passo, ia-se aproximando…
Muitas vezes, olhá-lo chegava para ficar em paz…
outras… não.
Muitas, muitas vezes, só quando a água gelada
lhe tocava os pés ou as mãos… ficava tranquilo.
Aí, tinha a certeza que o MAR, o seu Mar,
sentia a sua gratidão…