Concurso para instalar Museu da Música em Mafra vai ser lançado este ano

 

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A ministra da Cultura, Graça Fonseca, afirmou ontem que, até ao final deste ano, será lançado o concurso para obras de instalação do Museu Nacional da Música no Palácio Nacional de Mafra.

Esta revelação foi realizada na cerimónia que assinalou a reabertura dos Museus, Palácios e Monumentos (no âmbito da segunda fase do plano de desconfinamento), com a apresentação pública do projecto vencedor do concurso público de concepção para a elaboração do projecto de instalação do Museu Nacional da Música no Palácio Nacional de Mafra.

“Ao longo deste ano será lançado o concurso para a empreitada, para que esta se inicie em 2022 e que, em 2023, o museu possa acolher os seus primeiros visitantes” em Mafra, disse aos jornalistas Graça Fonseca, durante a apresentação deste projecto em Mafra.

instalação do Museu da Música em Mafra representa um investimento de 3,8 milhões de euros

A governante sublinhou que “era muito importante encontrar, de uma vez por todas, uma casa definitiva” para o Museu Nacional da Música, instalado há mais de 25 anos, de forma provisória, na estação do Metro do Alto dos Moinhos, em Lisboa.

A directora do Museu Nacional da Música, Graça Drummond Ludovice, explicou que, nas actuais instalações, “há falta de espaço para a colecção que tem vindo a crescer”, e que a mudança para o Palácio Nacional de Mafra “vai permitir criar sinergias, dar maior visibilidade que o museu merece e atrair mais público”.

Tomada em 2019, pelo Governo, a decisão de instalar em Mafra o Museu Nacional da Música “mostra uma clara intenção do Ministério da Cultura em dotar um acervo de bens culturais, que é único na Europa, das condições necessárias para a sua preservação, estudo e divulgação, ao mesmo tempo que se cria uma simbiose com o património cultural e natural de Mafra”, afirmou a ministra da Cultura.

em Mafra vai também funcionar um centro de investigação e de formação dedicado às ciências musicais

A instalação do Museu da Música em Mafra representa um investimento de 3,8 milhões de euros, financiados em 2,8 milhões pela tutela e o restante pelo Município de Mafra.

Graça Fonseca admitiu que “há muito que o acervo [do museu] se encontra em instalações provisórias e que não permitem o desenvolvimento de todo o seu potencial, nem tão-pouco uma experiência museológica aos visitantes, proporcional à riqueza dos bens culturais que o museu guarda”.

Além do Museu da Música, a governante lembrou que, em Mafra, vai também funcionar um centro de investigação e de formação dedicado às ciências musicais, fruto de uma parceria com a Universidade Nova de Lisboa, “com o objectivo de enriquecer e valorizar o património musical” instalado e a instalar no palácio.

Já Hélder Sousa Silva, Presidente da Câmara Municipal de Mafra, referiu que a ambição passa por “fazer do Museu Nacional da Música um autêntico epicentro do conhecimento musical”.

Em Outubro, o Ministério da Cultura e a Câmara Municipal de Mafra escolheram a parceria dos gabinetes de arquitectura Site Specific Arquitetura e P06 Atelier para a elaboração do projecto para o Museu da Música, entre 17 propostas apresentadas ao concurso.

O respectivo projecto visa potenciar a colecção existente com a sua ligação à condição de Mafra como edifício-instrumento. Como a intervenção tem a particularidade de ser um museu dentro de um museu, pretende-se que o espaço de exposição, proporcionando experiências e actividades pedagógicas, possa permitir a descoberta dos conteúdos musicais, mas também a contemplação do magnífico edifício do Palácio.

O museu, actualmente instalado na estação de Metropolitano do Alto dos Moinhos, em Lisboa, tem uma das mais ricas colecções da Europa de instrumentos musicais, com um acervo composto por mil instrumentos dos séculos XVI ao XX, de tradição erudita e popular.

Fazem também parte do museu vários espólios documentais, e colecções fonográficas e iconográficas do maior relevo.

Entre os instrumentos classificados como Tesouro Nacional estão o cravo Taskin, de 1782, recentemente restaurado, e o cravo Antunes, de 1758. O piano Boisselot, que o compositor e pianista Franz Liszt trouxe a Lisboa, em 1845, e o violoncelo de Antonio Stradivari, que pertenceu ao rei D. Luís, são outros tesouros do museu. O violoncelo de Henry Lockey Hill, de Guilhermina Suggia, os violinos e violoncelos de Joaquim José Galrão, os clavicórdios setecentistas das oficinas lisboetas e portuenses são outros destaques da colecção, assim como os raros cornes ingleses Grenser e Grundman & Floth, do final do século XVIII, e as flautas de Ernesto Frederico Haupt, de meados do século XIX, que são exemplares únicos.