«Como Rosinha, é sempre agarrada à gaita»

 

Texto: Hugo Rocha Pereira | Fotografia: DR

 

É hoje que o palco das Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem recebe Rosinha, artista que corre o país de gaita (acordeão) na mão e língua afiada por expressões com duplo sentido. A cantora que já conta diversos discos de ouro no currículo conversou com a AZUL sobre vários temas: do bigode de Quim Barreiros aos trabalhos manuais, esta é uma entrevista bem disposta e sem medo do rótulo “pimba”.

 

Esta vai ser a sua estreia na Ericeira? Já conhece a vila? O que destaca?

Sim, já conheço a vila e visito-a sempre que possível, tenho amigos que são da Ericeira. O que mais destaco da vila é sem dúvida esse mar lindo que vocês têm, a simpatia das pessoas e, é claro, os deliciosos ouriços.

 

Os seus concertos costumam ser bastante interactivos. O que pode o público da Ericeira esperar deste espectáculo?

O povo da Ericeira pode esperar as minhas músicas brincalhonas e muita alegria e boa disposição da minha parte e de toda a minha equipa. O meu espectáculo baseia-se em diversão do início ao fim e espero conseguir arrancar muitas gargalhadas e muita interacção do público.

divirto-me imenso a olhar para as expressões das pessoas quando estão a ouvir pela primeira vez uma música minha

Em 2012 tocou aqui perto, na Malveira: prefere os ares do campo ou da praia?

Adoro ver, ouvir e sentir o cheiro do mar, mas prefiro o campo, sem dúvida nenhuma. Até lhe posso dizer mais: eu nem sei nadar!

 

Num tema seu refere que foi ao pé da praia que ficou com um novo andar. Podemos saber a que praia se refere? E quais são as suas praias de eleição?

Não vou revelar as minhas aventuras. Como referi na resposta anterior, eu não sou muito frequentadora de praias e, como tal, não tenho nenhuma que destaque das outras, mas as raras vezes que vou à praia, vou sempre para praias muito calmas e quase sem ninguém!

 

Desde quando toca acordeão? Quais são as suas principais referências neste instrumento?

Eu comecei a apreender a tocar na gaita (acordeão) quando tinha 10 anos, numa pequena escola de música na minha terra, Pegões. Na minha adolescência ingressei pelos bailaricos e, em 2017, como Rosinha é sempre agarrada à gaita. Temos grandes acordeonistas em Portugal, mas para que não seja injusta com nenhum, vou dar como exemplo a saudosa “Deusa do acordeão” Eugénia Lima, que eu tanto admirava.

De acordo com o seu álbum mais recente, a Rosinha gosta “de gatas”. E de cadelas, não?

Confesso que, apesar de de adorar animais, nunca tive grande apego aos gatos, mas o meu namorado uma vez perguntou-me “já que não gostas de gatos diz-me: já experimentaste de gatas?” Quanto às cadelas, por acaso tenho uma cadela, mas nunca apanhei nenhuma. Eu não gosto de álcool

 

Um dos temas do seu disco de 2017 intitula-se “Eu Ainda Faço à Mão”: o que mais a entusiasma nos trabalhos manuais?

Eu ainda sou do tempo em que se fazia tudo à mão, actualmente está tudo muito industrializado, as pessoas nem sabem o prazer que perdem em não fazerem à mão. Eu sou muito habilidosa: gosto de fazer renda, gosto de dar uns pontinhos e como sou do campo também me ajeito nas lides campestres e até apanho tomates, pepinos, batatas, maçarocas, etc. Tudo à mão!

 

No ano passado entrevistámos Quim Barreiros, que entre outras coisas disse o seguinte: «utilizo palavras do português que, graças à “brejeirice” do povo, dá para entender outras coisas. Um duplo sentido» – é também esta a linha da Rosinha?

Devido à riqueza da nossa língua e à imaginação fértil dos portugueses, é muito divertido usar palavras com duplo sentido e ver a reacção das pessoas. Eu divirto-me imenso a olhar para as expressões das pessoas quando estão a ouvir pela primeira vez uma música minha. Confesso que às vezes sofro de insónias, porque dou por mim a pensar como é que as pessoas ouvem coisas que eu não digo!!!!

nunca usaria o bigode do Quim e duvido que ele usasse as minhas mini-saias

Sente-se honrada ou insultada quando dizem que a Rosinha é o Quim Barreiros sem bigode?

Claro que não me sinto insultada. Aliás, sou eu quem brinca com isso. Costumo dizer que eu nunca usaria o bigode do Quim e duvido que ele usasse as minhas mini-saias.

 

Durante alguns anos, o termo “pimba” não era muito bem encarado pelos artistas populares, mas a Rosinha sente-se confortável com esta designação, certo?

Não me incomodam os “rótulos”, a única coisa que ambiciono é que as pessoas ouçam as minhas músicas e se divirtam muito.

Já milhares e milhares de pessoas ouviram as músicas de Rosinha

Já milhares e milhares de pessoas ouviram as músicas de Rosinha