Quim Barreiros: “Faço votos para que toda a gente faça os 69!”

 

Fotografia: DR

 

Um artista que dispensa apresentações. “Com pau de loureiro, tomates e coentros”, Quim Barreiros confeccionou um dos seus inúmeros êxitos musicais.

Com o primeiro disco lançado no remoto ano de 1971, nos anos seguintes viria a editar obras que ficaram conhecidas pelos trocadilhos e duplos sentidos, incluindo músicas como “A Cabritinha”, “Garagem da Vizinha” e “Bacalhau à Portuguesa”. Graças à sua contagiante energia e sentido de humor, tornou-se bastante requisitado tanto para comemorações tradicionais como para festas universitárias.

Com concerto agendado já para amanhã, dia 19, na Ericeira, no âmbito das Festas da Nossa Senhora da Nazaré, o mais famoso “mestre de culinária” nacional conversou com a AZUL sobre a Ericeira, a sua arte e outros temas, como o inesquecível programa de televisão “Som de Cristal”.

 

Não é a primeira vez que o Quim Barreiros toca na Ericeira…

Não, senhor.

 

Lembra-se das outras vezes (recordo pelo menos duas) em que tocou na Ericeira? Tenho a ideia que actuou no salão dos bombeiros e no Largo das Ribas. Tem algumas memórias dessas ocasiões?

Isso já foi há uns bons pares de anos. Já são muitos espectáculos… Mas lembro-me desse dos bombeiros, lembro-me, sim senhor. Até o meu amigo Côco, que também tocava no restaurante do Cangalho, e mais outra rapaziada, fizeram parte da equipa que se juntou à minha banda e tocaram comigo lá nessa festa dos bombeiros.

A Ericeira é uma terra como a minha. À beira-mar.

Conhece alguma coisa da Ericeira? Tem alguma relação com a Vila?

A Ericeira é uma terra como a minha, Vila Praia de Âncora. À beira-mar. Nós somos riquíssimos, em vento fresquinho e em água fria (risos). O mar às vezes muito bravo (risos), mas também temos coisas boas! Temos bom peixe, somos acolhedores, somos gente porreira, pescadores e felizes!

 

E ainda a propósito do concerto, que expectativas tem para segunda-feira?

Vai ser uma festa alegre, uma festa feliz, porque é música que toda a gente conhece. Toda a gente vai cantar comigo, toda a gente vai dançar, a malta nova vai lá para a brincadeira… Vai ser uma bonita festa.

 

Passando para outro assunto, como é que foi protagonizar um dos episódios do programa “Som de Cristal”?

Eu fiz aquilo naturalmente. Foi bom conhecer o Bruno [Nogueira] mais de perto, conviver com ele. Foi um programa de que toda a gente fala. Até hoje, vou na rua e dizem-me “gostei muito daquele programa”. Toda a gente fala nisso. O Bruno ficou feliz e eu também fiquei contente por fazer aquilo com ele.

 

E qual é a sua opinião sobre o programa? Acha que foi bem conseguido?

O meu foi, mas os outros já não vi, portanto não posso falar sobre os outros. Até te digo uma coisa, eu nem vi o meu! Eu fiz, mas não vi. Mas, pelo que me disseram, acho que foi bem conseguido. Eu não vejo televisão… Vejo os jogos do Benfica, do Sporting, do Porto, e vejo o telejornal. De resto, não vejo mais nada… não tenho tempo para estar à frente da televisão.

utilizo palavras do português que, graças à “brejeirice” do povo, dá para entender outras coisas. Um duplo sentido. E é daí que eu tiro as minhas brincadeiras

Continua a dar-lhe gozo utilizar trocadilhos nas suas cantigas?

Eu utilizo palavras do português que, graças à “brejeirice” do povo, dá para entender outras coisas. Um duplo sentido. E é daí que eu tiro as minhas brincadeiras. Sem magoar niguém, sem ofender ninguém… Tem que haver humor! E com essas palavras faço rir as pessoas, faço as pessoas pensar. Não é uma invenção minha. Faz parte do nosso português. A literatura portuguesa vai buscar isto ao longo dos séculos… Nas cantigas de amigo, cantigas de mal-dizer, cantigas de duplo sentido, nas cantigas ao desafio, nas desgarradas… Aí vão-se buscar essas coisas todas.

 

Faz parte da nossa cultura, não é?

Ora muito bem!

 

Para terminar, e pegando no título do seu último álbum, fazer 69 é uma grande festa?

Foi uma grande festa, meu filho, porque é uma data mítica, é uma data diferente, mas não só os 69. A gente fala nos 69 porque actualmente uma grande parte da população chega aos 69. Agora eu também gostava de fazer os 96. O meu pai, felizmente, já dobrou. Já vai nos 97! Portanto eu acho que é muito bonito os 69 e os 96. Faço votos para que toda a gente faça os 69! (risos)