The Country: A nação marítima dos jagozes

 

Fotografia: Nuno Dinis

 

Na galeria “The Town“, que publicámos na semana passada, explorámos o asfalto jagoz sobre rodas através do olho de falcão do fotógrafo Nuno Dinis. Agora, é a vez de contemplarmos “The Country”, a segunda série de imagens do fotógrafo da Malveira, deste vez dedicada ao mar e às gentes que formam a nação marítima da Ericeira.

O litoral jagoz não rima só com surf, mas também com natureza em movimento, espontânea, que se modifica da noite para o dia. Por outro lado, também é sinónimo de subsistência, de trabalho, por via dos pescadores que usufruem da riqueza marítima da Ericeira para ganharem a vida.

“The Country” é acompanhada por mais um pedaço de entrevista com Nuno Dinis. Depois de nos ter contado sobre as suas influências e o que o levou a iniciar-se na arte do disparo, o fotógrafo deixa-nos entrar na sua relação com a Ericeira e o modo como esta se manifesta nos seus enquadramentos e visões artísticas.

 

O que fazes para viver e como é que isso te influencia nas tuas fotografias?

Sou Protésico Dentário e não posso dizer que a minha profissão tenha qualquer influência nas minhas fotografias. A única coisa comum às duas actividades é a necessidade de se ter um sentido de estética mais apurado.

 

Quais são os teus temas favoritos para fotografar?

Gosto de fotografar surf, skate, pessoas, paisagens e todos os motivos ligados à  natureza. O surf e o skate são dois desportos de que gosto muito e, para além disso, têm a vantagem de proporcionar imagens fantásticas, com muito impacto, adrenalina e até dramatismo. As pessoas são sempre um bom motivo para fotografar, não tanto na vertente do retrato, mas mais na tentativa de captar as suas emoções. É muito interessante olhar para a fotografia de uma pessoa e tentar perceber o que estaria a sentir ou a pensar no momento em que a foto foi tirada. As paisagens são um tema que quase todas as pessoas e fotógrafos gostam, é quase impossível resistir à tentação de fotografar uma paisagem que nos encantou, quer seja uma cidade, montanha, praia ou outra. Sabe sempre bem recordar, ou mostrar aos amigos, os sítios por onde passámos e lembrar o que lá vivemos. No que diz respeito à natureza, não há muito a dizer, é no meio dela que me sinto bem e em paz, os motivos para fotografar são ilimitados, é só  uma questão de gosto e imaginação.

 

De que forma te influencia a Ericeira nas tuas fotografias?

Há muitos anos que frequento a Ericeira, é raro o fim de semana que não vou até lá. A Ericeira é um local onde me sinto em casa, transmite-me muita paz e tranquilidade. Depois há o mar, as praias, as ondas, a pesca submarina, tudo coisas pelas quais tenho paixão. Assim sendo, é natural que a Ericeira, o mar e tudo o que ele envolve estejam presentes nas minhas fotografias com muita regularidade.

 

O que é que a Ericeira tem de tão atractivo para os fotógrafos?

A Ericeira tem várias características que fazem dela um local privilegiado para a fotografia. A começar pela sua vila pitoresca, depois as suas praias recortadas e rochosas, na sua maioria protegidas por falésias altas, o que lhes confere uma beleza ainda maior; as ondas e todos os desportos que a elas estão ligados; e, por fim, toda uma série de actividades ligadas ao mar. Está tudo em torno de uma aura muito especial.

 

Como seria para ti uma fotografia perfeita?

A fotografia perfeita é aquela que me consegue soltar a imaginação e colocar-me por momentos noutro lugar, a viver e a sentir as emoções e as sensações de uma outra pessoa, tal como se fossem as minhas. Claro que para conseguir a foto perfeita é preciso dominar a técnica, mas não só: a intuição e a capacidade de reconhecer quando temos na nossa frente a possibilidade de fazer uma grande foto são meio caminho para chegar à perfeição.

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