Texto: Hugo Rocha Pereira | Fotografia: Arquivo/Sandro Maximiliano
Arranca na próxima semana, na Universidade Lusófona, em Lisboa, o Ciclo de Conferências Surf e Performance. O objectivo principal é debater, até ao fim de Maio, várias temáticas deste desporto e estilo de vida que, cada vez mais, se afirma como fenómeno transversal à sociedade e forte dinamizador económico. Uma vez que entre o painel de conferencistas se encontram personalidades da Ericeira, colocámos algumas questões ao Mestre Sandro Maximiliano, ex-surfista profissional e actual Director da Pós-Graduação em Surf e Performance da Lusófona.
Este ciclo de conferências enquadra-se na pós-graduação? Há quanto tempo existe esta pós-graduação e qual tem sido a adesão?
O Ciclo de Conferências não está enquadrado na Pós-Graduação, foi uma iniciativa que idealizei em separado e tem entrada livre para toda a gente, inclusive para pessoas fora da Universidade Lusófona. Em relação à Pós-Graduação, foi construída este ano para dar continuidade a outras iniciativas que temos desenvolvido neste âmbito, como os blocos de iniciação ao surf e as especializações em treino de surf, ambos na licenciatura de educação física e desporto. Neste momento temos cerca de 20 candidatos que nos contactaram para frequentar a Pós-Graduação.
Como encara a comunidade académica o fenómeno do surf enquanto matéria curricular?
Actualmente encara muito bem, de forma entusiasta e com imensa vontade de contactar com a modalidade. Tenho cerca de 200 alunos por ano, divididos entre todos os anos da licenciatura e cerca de 90% reage de forma muito positiva aos conteúdos do surf. Em 2003 quando entrei como professor de surf na universidade, a comunidade académica, de uma forma geral, alunos e professores, olhava para o surf de uma forma demasiado recreativa e pouco séria, mas agora as coisas mudaram. Toda a gente já percebeu que o surf é uma modalidade com claros contornos profissionais, federativos, mediáticos e financeiros, e isso fortaleceu bastante a credibilidade do meu trabalho no ensino superior.
Pensas que a atenção e exposição crescentes que o surf tem vindo a ganhar se irá reflectir neste ciclo de conferências?
Penso que sim. Não só nas conferências como em todas as iniciativas ligadas ao surf de uma forma geral. Os media são fundamentais para influenciar a opinião pública e isto funciona tanto para o bom como para o mau. No caso do surf em particular, até agora tem sido bom e acaba por obviamente reforçar a notoriedade de iniciativas como estas conferências.
Toda a gente já percebeu que o surf é uma modalidade com claros contornos profissionais, federativos, mediáticos e financeiros.
Qual é o objectivo subjacente a este ciclo de conferências?
O objectivo é falar sobre surf, é trazer cada vez mais o assunto do surf para dentro da Universidade, é tentar encher o auditório com pessoas interessadas em ouvir falar de surf e é reforçar o posicionamento da Universidade Lusófona como instituição do ensino superior pioneira e líder no apoio à nossa modalidade. Pretendo também criar a oportunidade para as pessoas fazerem perguntas aos convidados, esclarecerem dúvidas e curiosidades sobre os temas em discussão e encontrarem temas para realizar trabalhos nas várias cadeiras dos seus cursos e pesquisarem sobre a modalidade.
Os temas abordados neste ciclo de conferências são bastante abrangentes, indo bastante para lá da educação física e desporto…
A ideia foi definir temas abrangentes, distintos e ao mesmo tempo interessantes para todos, desde os leigos aos surfistas e, dentro dos surfistas, desde os praticantes de iniciação aos surfistas de nível avançado. Em cada tema, existem convidados de excelência, gente credível, com provas dadas no terreno, com muita experiência nas suas áreas e em todos os temas estão também surfistas profissionais, cujo objectivo é pura e simplesmente serem genuínos e falarem das suas carreiras.
Entre o painel de conferencistas, encontram-se individualidades que vivem na Ericeira (Eric Rebiere, Nick Uricchio, João Valente e Alexandre Grilo), sendo que os três últimos têm empresas a funcionar aqui. De que forma cada um deles constitui uma mais-valia para este ciclo de conferências?
A proximidade que tenho com quase todas as pessoas convidadas acabou por ser um dos critérios facilitadores para compor os painéis. Por outro lado, eu moro grande parte do ano na Praia Grande e, portanto, a proximidade com a Ericeira e com a sua comunidade de surf é óbvia. Já o conheço o Eric Rebiere desde os tempos do circuito europeu EPSA nos anos 90, onde eu também competia: é um surfista de topo e actualmente um dos melhores big riders da Europa. O Nick Uricchio é uma referência como shaper e a Semente é uma das melhores marcas de pranchas de Surf de sempre em Portugal. O Alexandre Grilo é líder em surf camps de qualidade, com espaços pelo mundo inteiro e também tem muita coisa a dizer neste âmbito. Em relação ao João Valente, é talvez o jornalista de surf com mais conhecimento e experiência em Portugal e evidentemente que fazia todo o sentido ser convidado. Além do mais, a Surf Portugal é nossa parceira na comunicação do evento e o João Valente teve inclusivamente uma palavra a dizer na escolha de vários convidados.