Texto: Hugo Rocha Pereira | Fotografia: José Guerra
Tomás Durval Cândido Fernandes tem 17 anos. Apenas os mais distraídos serão apanhados de surpresa se afirmarmos que se trata do maior talento a sair das ondas da Ericeira após um tal de Tiago Pires. Este ano conquistou o seu primeiro triunfo sénior numa prova (a etapa da Liga Pro Surf realizada em Ribeira d’Ilhas) e muitos comentam que, pelo surf apresentado, devia continuar na luta pela conquista do título de campeão nacional até à última etapa, que se realiza já a partir de amanhã em Cascais. Foi precisamente em Ribeira d’Ilhas que conversámos sobre a progressão assinalável da sua carreira e as metas para os próximos tempos, mas também sobre outros temas, tais como as influências que lhe moldam o surf e a personalidade, sempre com a terra onde cresceu no horizonte.
Evolução & Objectivos
Pretendo continuar a melhorar o meu surf, viajar o máximo possível e… ser campeão nacional.
Como explicas o grande salto competitivo que deste este ano?
Este ano apliquei-me bem mais e fui treinar muito mais vezes com a Surftechnique. Precisava de melhorar nos beach breaks e acho que o meu surf evoluiu nesse campo mas também evoluiu tecnicamente e na velocidade. E penso que mesmo a nível competitivo estou mais forte, o que também ajudou. Este ano tem-me corrido bem até agora. Optei por não correr o circuito de esperanças para me focar noutros campeonatos. Estou focado na Liga Pro Surf, em que estou classificado na terceira posição, e pretendo lutar até ao fim. Mesmo que não ganhe o título gostava de ganhar a última etapa.
O que te faltou para poderes ser já campeão nacional?
Há excelentes surfistas na Liga Pro Surf e não podemos vacilar: na Costa da Caparica perdi nos oitavos de final, o que é um péssimo resultado, e em Peniche também perdi nos quartos de final. Já os outros atletas que estão na luta pelo título descartaram os seus piores resultados e foram sempre até à fase man on man e ganharam provas. Por isso, ainda tenho muito que melhorar em vários aspectos, principalmente tenho de ser mais consistente nos campeonatos.
Quais são os teus objectivos para o resto deste ano e para 2014?
Acho que me vou dedicar exclusivamente ao surf, porque esta é a altura para dar o salto, por isso devo parar os estudos. Os meus objectivos para o resto do ano são evoluir o máximo e tirar os melhores resultados possíveis, tanto na Liga Pro Surf como no Pro Júnior europeu – este ano já fiz uma final e ainda tenho possibilidades de conseguir uma vaga para competir no mundial Pro Júnior. Ainda tenho mais alguns anos de Pro Júnior, mas quanto mais cedo melhor. Para o ano pretendo continuar a melhorar o meu surf, viajar o máximo possível e… ser campeão nacional.
Ericeira
Talvez nem fizesse surf, se tivesse nascido noutro lado
Que importância atribuis ao facto de teres crescido na Ericeira para o teu estilo de surf, fluido, a pisar forte na prancha e com bom trabalho de rails?
Acho que, se não tivesse nascido na Ericeira e crescido a surfar estes point breaks, teria outro surf. Ou talvez nem fizesse surf, se tivesse nascido noutro lado. Penso que o meu surf se adapta bem a estas ondas.
Como definirias estas ondas?
São excepcionais. Por vezes as pessoas dizem que em Portugal não há ondas boas, mas eu acho que Portugal é dos países com melhores ondas. É muito consistente, quase todos os dias há ondas; então aqui na Ericeira temos dos melhores point breaks do mundo.
O que é que mais gostas de fazer na Ericeira quando não estás a surfar?
Vou sair um bocado com os meus amigos. Costumo ir à Fonte do Cabo jogar setas, então quando o mar está flat passo lá os dias. E à noite às vezes vou sair, outras vezes fico em casa; e é assim a vida da Ericeira – se não há surf, estás tramado, não há assim grande coisa para fazer quando não há ondas!
Pensas que o facto de a Ericeira ter tantas ondas de qualidade ajuda a explicar por que boa parte dos surfistas locais se dedica mais ao free surf do que à competição?
Acho que sim. Tenho aqui muitos amigos que são mesmo muito bons surfistas, como o João Pinheiro ou o Luís Reis, mas que não quiseram seguir a competição e hoje em dia são excelentes free surfers.
Quais são as tuas ondas favoritas?
Na Ericeira costumo surfar mais em Ribeira d’IIhas. Adoro isto, mas também adoro os Coxos e Pedra Branca. Lá fora são as ilhas Mentawai, na Indonésia. São ondas muito consistentes, há sempre dias com tubos, dias para manobras…
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Reconhecem algumas das ondas preferidas do Tomás?
ENTREVISTA COM TOMÁS FERNANDES – O Rosto do Futuro“continuar a ler / parte 2”
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