O Rosto do Futuro (parte 2)

Tomás Fernandes - ph. José Guerra

 

Texto: Hugo Rocha Pereira

ENTREVISTA COM TOMÁS FERNANDES – O Rosto do Futuro ” – Ler a parte 1

Influências & Wavegarden

Até aos sete ou oito anos eu não queria fazer surf gostava era de jogar à bola e brincar na rua

 

E quais são os teus surfistas preferidos?

Do top 32 mundial gosto de todos, mas posso destacar o Julian Wilson, o Mick Fanning, o Matt Wilkinson e o Joel Parkinson. Em Portugal, claro que o Saca é a maior referência para todos, mas também adoro ver o Vasco Ribeiro, o Frederico Morais e o Francisco Alves a surfar. Acho que o Chico (Alves) é um dos melhores surfistas portugueses, não há ninguém com tanto estilo em cima da prancha e com tanto flow a surfar.

 

O facto de seres um surfista de segunda geração deu-te um apoio familiar extra?

O meu pai já andava nesta vida há algum tempo antes de eu nascer, e até aos sete ou oito anos eu não queria fazer surf – gostava era de jogar à bola e brincar na rua. E ele nunca insistiu comigo, deixava-me fazer o que quisesse. Até que às tantas experimentei uma aula com o João Brogueira e fiquei com aquele bichinho. Depois fui para a escola do Pyrrait e foi aí que comecei mais a sério.

Tomás Fernandes - ph. José Guerra

Tomás Fernandes - ph. José Guerra

Tomás Fernandes – ph. José Guerra

 

Este ano surfaste no Wavegarden, a onda artificial que anda nas bocas do mundo. Como foi essa experiência?

Surfar numa piscina de ondas era um sonho que sempre quis concretizar, e quando surgiu a oportunidade de ir ao Wavegarden o bichinho mordeu em muita gente. Gostava de agradecer à Surf Portugal e à Surf Total porque me deram a hipótese de concretizar este sonho. A onda é perfeita – muito semelhante às ondas de mar na força e na direcção que toma –, e chegas ao fim com as pernas todas rotas.

 

Consideras que estas ondas artificiais são uma boa alternativa, principalmente para locais que ficam longe do mar?

Exacto. Ou para países como Israel, em que há mar mas é raro haver ondas boas ou sequer haver ondas, em países desses parece-me um bom investimento.

 

E essas ondas artificiais não retiram muitos dos factores que tornam o surf tão mágico a imprevisibilidade, a variedade ou a comunhão com a natureza, por exemplo?

Claro que tiram. Mas as coisas mudaram muito a esse nível. Antes não havia previsões, o surfista tinha mesmo aquele espírito de perceber a natureza e procurar as ondas sem ver os forecasts. Hoje em dia também se faz, mas já vamos à procura depois de vermos as previsões, portanto…

 

Reserva Mundial de Surf

Se isto é uma Reserva Mundial, há muitas coisas a melhorar. Fazia todo o sentido existir cá um Centro de Alto Rendimento de Surf, por exemplo

 

Consideras que o título de Reserva Mundial de Surf tem sido importante para a Ericeira ou ainda não alterou grande coisa?

Sinceramente acho que ainda não alterou grande coisa. Não estou lá muito por dentro do assunto, mas… o que é que foi feito? Atribuíram esse título e meteram umas placas a indicar as ondas; é verdade que o nome da Ericeira veio um pouco mais ao de cima, mas acho que, no fundo, se isto é uma Reserva Mundial há muitas coisas a melhorar. Fazia todo o sentido existir cá um Centro de Alto Rendimento de Surf, por exemplo.

 

Como olhas para a actual situação de Ribeira d’Ilhas?

Acho que houve um bocado de falta de respeito, abateram uma coisa que esteve aqui durante anos e anos para construir algo que está fechado há praticamente seis meses. Em pleno Verão, as pessoas que vêm para a praia têm de comer cachorros, o que não faz sentido nenhum.

Mas, para ser sincero, e em respeito ao surfcamp, eu cresci ali, sempre gostei de ali estar, amava e continuo a amar aquilo, mas foi destruído e não podemos continuar a remoer quanto ao que se passou. Acho que esta infraestrutura está bem melhor. Se eu chegasse de outro país e visse isto, ainda por cima com uma praia à frente e altas ondas, ia dizer que isto era um sítio de sonho. Precisamos é que abra.

Tomás Fernandes - ph. José Guerra

Tomás Fernandes - ph. José Guerra

Tomás Fernandes – ph. José Guerra

 

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