Fotografia: Nélson Cruz
O Museu Nacional da Música, que vai ser transferido de Lisboa para Mafra, deverá abrir ao público em 2017 no Palácio de Mafra, anunciou ontem o secretário de Estado da Cultura no âmbito das comemorações do Dia do Município.
“2017 é o nosso objectivo. O levantamento das necessidades de instalação, o projecto de transferência de instrumentos e do programa está a ser desenvolvido, portanto estamos a trabalhar para cumprir esse calendário”, disse Jorge Barreto Xavier à agência Lusa, após a assinatura de um protocolo com a Câmara de Mafra para a cedência das instalações do Palácio Nacional para o Museu da Música.
Sobre a escolha de Mafra como destino para o Museu da Música, o secretário garantiu que se tratou da escolha mais viável no aspecto financeiro. “Sem dúvida nenhuma é uma solução melhor do que a de São Bento de Castris, em Évora, que implicava investimentos muito mais elevados”, explicou, adiantando que “as avaliações técnicas feitas durante os últimos dez anos indicavam como um dos lugares adequados para o receber”.
O Museu da Música está instalado em espaço provisório na estação de Metro do Alto dos Moinhos desde 1994 e regressa agora à vila que o acolheu nas décadas de 1980-90. Criado em 1911, o primeiro ano da república, o Museu é uma instituição de âmbito nacional que integra “uma das mais ricas colecções da Europa”, bem como uma rica herança documental e de acervos fonográficos e iconográficos. A colecção conta com cerca de 1400 instrumentos, destacando-se os cravos de Joaquim José Antunes (1758) e de Pascal Taskin (1782), o piano de Boisselot, trazido para Lisboa em 1845 pelo pianista Franz Liszt, e o violoncelo de Antonio Stradivari, que pertenceu ao rei D. Luís.
Uma data possível para a abertura do Museu em Mafra é 17 de Novembro de 2017, dia que assinala os trezentos anos sobre o lançamento da primeira pedra do Palácio Nacional de Mafra. Outubro poderá, assim, ser a data para a conclusão do projecto de transferência das instalações do museu.
GOVERNO PREPARA CONCURSO PARA REABILITAR CARRILHÕES
A data de 17 de Novembro de 2017 afigura-se como uma das mais importantes para o concelho de Mafra nos próximos anos. É que além da previsão de abertura do Museu da Música, a data coincide com o objectivo de ver as obras nos carrilhões e sinos de Mafra terminadas, o que poderá ser determinante para a candidatura do monumento a património mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Na mesma cerimónia protocolar, Jorge Barreto e Silva adiantou que vai ser lançado, até ao final do corrente ano, o concurso para reabilitar os carrilhões e sinos de Mafra.
O valor total da recuperação ainda não é conhecido, mas a Câmara de Mafra vai disponibilizar 200 mil euros para obra, enquanto o governo avança com dois milhões de euros, provenientes do Fundo de Salvaguarda do Património. A expectativa do executivo passa por ainda receber fundos europeus que apoiem o financiamento da obra.
À espera de obras de recuperação há dois anos, os sinos e carrilhões do Palácio Nacional de Mafra estão entre os “Sete sítios mais ameaçados da Europa”, segundo a associação Europa Nostra, que se dedica à salvaguarda do património. Com esta distinção, o Banco Europeu de Investimento e o “World Monumento Found”, organização internacional de financiamento para monumentos em risco, deverão fazer parte da lista de financiadores.
O Palácio de Mafra tem dois carrilhões e 119 sinos, constituindo, assim, o maior conjunto sineiro do mundo, a par dos seis órgãos que voltaram a tocar em 2010. Aquele património não sofre qualquer intervenção de manutenção desde 1928.
