Memórias do Surf Jagoz: José Maria Pyrrait

 

Fotografia: Álvaro Fr / ESC

 

Impressão digital

José Maria Pyrrait, mais conhecido como Pyrrait

Nascido em Lisboa a 12 de Agosto de 1965

Treinador de surf

Quando é que começaste a surfar? Foi na Ericeira ou noutro sítio?

Comecei a surfar no Rio de Janeiro em 1975, comprei a primeira prancha no dia em que fiz 10 anos, 12 de Agosto de 1975.

 

Quantas pessoas surfavam pela Ericeira quando começaste a apanhar ondas aqui?

Comecei a vir surfar para a Ericeira em 1982. Acabado de chegar do Brasil, vinha, sempre que podia e arranjava boleia, surfar para a Ericeira. Nesse tempo a viagem era mais demorada, por isso não vinha tantas vezes como queria. Nessa altura, já cá estavam os velhotes do costume, como o Nick, Catata, o Kika, o Michel, o Pipas, o Meneses, o Jorge Almeida, o Diogo Sarmento, o Joy, os Ruivos e todo o pessoal dessa geração. Mais novos, tinhas o Fortes, o Tiago Oliveira, o Miguel Dray e alguns que, com certeza, me estou a esquecer. Eu vinha com o pessoal que vivia em Lisboa e com quem eu andava mais, como o Henrique Balsemão, o Pedro Melo, o João Valente, os Seabras, o João Pedro Caldas, o Joaquim Pedro, Parrão, Gonçalo Lança e mais alguns.

 

Em que picos ou praias costumavam surfar mais?

Surfávamos mais nos Coxos ou Ribeira d’Ilhas e, logo de seguida, Reef, Pedra Branca e Backdoor.

irresponsabilidade saudável, altas ondas e um crowd muito diferente

Que memórias guardas desses tempos dourados?

São memórias de juventude, irresponsabilidade saudável, altas ondas e um crowd muito diferente. Tempos em que o surf era mais puro e genuíno.

 

Quais foram as principais mudanças desde que começaste a surfar?

As principais mudanças têm a ver com a forma como o surf passou a ser encarado pela sociedade. Agora é um desporto sério e respeitado, uma fonte de rendimento enorme para o turismo da costa portuguesa, olhado com muito interesse pelos principais agentes políticos e económicos. Antigamente, era o oposto [risos].

 

Continuas a surfar? Com que regularidade? Procuras fugir do crowd?

Continuo a surfar regularmente. Quando há ondas na Ericeira não falho e, de vez em quando, vou a Peniche ou até à Linha. Também procuro viajar com alguma regularidade. Não evito o crowd, procuro surfar onde está melhor, mas claro que se posso surfar ondas boas e sem crowd, aproveito. O crowd que me evite a mim, que sou chato todos os dias [risos].

a evolução da essência do surf é um óptimo espelho da nossa sociedade

A essência do surf na Ericeira também mudou?

A essência do surf claro que mudou, tudo muda. Numas vertentes para melhor, noutras para pior, no fundo um óptimo espelho da nossa sociedade.

 

O que mudou após a consagração da Reserva Mundial de Surf, em 2011?

A Reserva Mundial de Surf veio trazer uma maior exposição mediática para a Ericeira. Com essa exposição, temos um aumento do turismo, que foi positivo a nível económico, mas que também está a estragar e super lotar esta vila maravilhosa, o que deve ser rapidamente controlado.