Memórias do Surf Jagoz: Miguel Fortes

 

Fotografia: DR

 

Quando é que começaste a surfar? Foi na Ericeira ou noutro sítio?

Comecei a surfar na Ericeira em 1982. Foi na praia do Sul com uma prancha de esferovite. A minha primeira surfada numa prancha a sério foi na praia do Peixe no Inverno e sem fato. A prancha era do Kauai, éramos para aí uns dez e apanhávamos ondas à vez.

 

Já havia muitas pessoas a surfar pela Ericeira quando começaste a apanhar ondas aqui?

Não havia praticamente ninguém a surfar pela vila, naquela altura eram meia dúzia: o Álvaro ‘Cigano’ Botelho, o ‘Zéquinha’ o [Luís] Azambuja e o ‘Fonzie’ – na altura já se fazia surf em Ribeira d’Ilhas.

Em que picos ou praias costumavam surfar mais?

Na altura surfávamos na praia do Sul, Foz do Lizandro, Limipicos e Pedra Branca. Depois, um ano mais tarde, começámos a ir para Ribeira d’Ilhas e para os Coxos.

 

Que memórias guardas desses tempos dourados?

Grandes surfadas com pouca gente.

antigamente era uma aventura surfar e ficávamos contentes quando víamos gente na água

Quais foram as maiores mudanças desde que começaste a surfar?

As ondas não mudaram muito, tirando a ETAR [ndr: Estação de Tratamento de Águas Residuais] em Ribeira d’Ilhas, o que mudou na realidade foi o número de surfistas.

 

Continuas a surfar? Com que regularidade? Procuras fugir do crowd?

Sim, surfo praticamente todos os dias nos Coxos, por isso é impossível fugir ao crowd.

A essência do surf na Ericeira também mudou?

Sim, antigamente era uma aventura surfar e ficávamos contentes quando víamos gente na água. Agora é um surf de massas e muito turismo.

 

O que mudou após a consagração da Reserva Mundial de Surf, em 2011?

A Reserva Mundial de Surf, a meu ver, fez com que a Ericeira explodisse em termos de turismo e trouxe muitos surfistas do Norte da Europa que descobriram que, afinal, a Ericeira não era só o Verão e que no Inverno é que dava ondas boas, fazendo com que muitos ficassem residentes, o que deu origem a uma comunidade de estrangeiros residentes. O aspecto positivo nisto tudo é que acabou por criar muitas oportunidades e postos de trabalho na indústria do surf e na hotelaria.

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