Texto: Paulo Galvão | Fotografia: AZUL / Loja da Amélia
Para a comitiva da Revista de Vinhos que há alguns meses fez uma visita-surpresa a uma vila pacata e pouco agitada no Inverno como é a Ericeira, era pouco expectável encontrar uma loja com tanto movimento e tal variedade de produtos.
É este o ponto de partida do artigo que a Revista de Vinhos dedica na sua edição deste mês à Loja da Amélia, na Ericeira, que recebeu na sexta-feira o prémio de melhor loja gourmet do país. O segredo, segundo a publicação, “é o quadrado qualidade – variedade – preço – atendimento”, num local onde se “vende de tudo a preços muito sensatos”, por gente “muito simpática e sabedora.” Na opinião dos autores do artigo, assim que se entra na loja percebe-se rapidamente os motivos que levam tanta gente àquele local. Lá dentro há uma enorme variedade de produtos, dos frescos aos enlatados, dos chocolates aos cafés, das bebidas alcoólicas às águas, dos frutos secos à frutaria, dos queijos aos enchidos. “Não falta nada”, dizem.
A Loja da Amélia é um caso de sucesso onde trabalha toda a família, quer na Ericeira, quer na loja que entretanto abriu em Mafra. A primeira loja foi aberta no centro da vila em 1996, mas a falta de espaço ditou a mudança para as actuais instalações, já lá vão dez anos. A empresa, hoje com 15 funcionários, comprova que com trabalho é possível fazer frente à oferta das grandes superfícies. Cada membro da família tem as suas responsabilidades: Amélia Sobrinho é a organizadora, que ajuda os clientes a fazerem as suas escolhas e que faz o que for necessário em cada uma das secções da loja. O marido recolhe os produtos frescos nos mercados locais; o filho João está encarregue das bebidas e da garrafeira e a filha Rita trata da contabilidade e da gestão.
“PROCURAMOS DAR ÀS PESSOAS PRODUTOS QUE NÃO EXISTEM NAS GRANDES SUPERFÍCIES”
À AZUL, Amélia Sobrinho revela que foi com grande surpresa que recebeu a notícia de que a sua loja é considerada a melhor loja gourmet do país e dedica este prémio a todos: produtores, funcionários e clientes.
A Amélia estava à espera deste reconhecimento?
Não, não estávamos mesmo à espera. Foi uma surpresa! Nem sei como lá chegámos, mas chegámos!
Quais pensa que terão sido os critérios da Revista de Vinhos para a atribuição deste troféu?
Desconheço completamente esses critérios. Passaram por cá há dois meses, fotografaram a loja e entrevistaram-nos. Depois disseram-nos que a loja iria sair na revista, mas não sabiam quando. Ou seja, despistaram-nos e nunca nos apercebemos de nada, até agora.
Mas calculo que ache o prémio merecido…
Acho que sim, que é um reconhecimento do nosso trabalho diário.
Quantas horas por dia é que a Amélia trabalha na loja?
12 horas. Tem que haver muito empenho. Se não houver empenho, não há loja.
E férias?
De vez em quando consegue-se (risos).
Se tivesse que vender a qualidade da sua loja a alguém, que argumentos utilizaria?
Aqui procuramos dar às pessoas produtos que não existem nas grandes superfícies, recorrendo aos produtores locais, quer nas frutas, quer nos legumes. Na charcutaria também tentamos trabalhar com os produtores locais ou o menos industrializados possível, e depois é tentar ir ao encontro dos gostos dos nossos clientes.
Tem clientes que vêm de propósito à Ericeira para vir à Loja da Amélia?
Temos. Vêm de Leiria, de Vila Franca, enfim… hoje já recebi os parabéns de todo o mundo. E são todos os tipos de clientes, desde o mais simples ao mais sofisticado.
A quem dedica este prémio?
É de todos nós! Dos clientes que nos visitam, das pessoas que trabalham connosco, dos produtores…
Pensou alguma vez chegar a este patamar?
Pensei, porque nos esforçamos sempre para sermos melhores. Nunca pensei é que fosse tão rapidamente.
Esta publicação também está disponível em | This article is also available in: Inglês