Fotografia: Ricardo Ribeiro
O investigador Pedro Bicudo está a coordenar um projecto que identifica e lista os mais de mil spots para a prática de surf em Portugal. O trabalho financiado pela Fundação Rip Curl Planet e a Quiksilver Foundation tem por missão alertar para a preservação da costa portuguesa e valorizar o turismo de ondas em Portugal.
A equipa liderada pelo também docente do Instituto Superior Técnico detectou mais de mil locais favoráveis à actividade do surf numa linha de costa de quase 1900 km, somando Portugal Continental e ilhas. O projecto não se limita a identificar praias, mas também locais recônditos de fundo rochoso, alargando os resultados.
A análise e identificação de spots arrancou com um estudo-piloto que examinou o litoral entre Setúbal e Nazaré, extensão que reúne os locais mais privilegiados para o surf. O resultado do estudo descortinou 200 spots num total de 200 km de costa. “Se elevarmos isto para a extensa costa e ilhas, os locais vão ultrapassar o número mil”, disse Pedro Bicudo ao jornal Correio da Manhã.
O inventário destaca cinco regiões como as mais famosas para a prática do surf em Portugal: Cascais, Ericeira, Peniche, Nazaré e Figueira da Foz. Esta última merece particular destaque por ter visto desaparecer algumas ondas devido a obras locais. A costa alentejana, a sul de Sines, Sagres e Aljezur são outras das regiões em evidência, pela diversidade de ondas decorrente do recorte de costa que as delimita, assim como a Madeira – muito propícia a ondas grandes dada a profundidade das águas – e os Açores.
A investigação pretende não só listar os melhores spots de surf, mas também servir de impulso à preservação do litoral. Portugal tem algumas zonas em risco devido a projectos de requalificação em zonas costeiras e arrisca-se a ver mais ondas desaparecerem, como aconteceu a Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel, Açores e Jardim do Mar, na Madeira. Neste momento, o caso mais grave de risco de extinção é a onda de Santa Catarina, na ilha Terceira, ameaçada pela proximidade do porto.