Fotografia: Luís Firmo
A requalificação da “sala-de-visitas” do surf português continua a fazer correr tinta. No final de Julho de 2012, dando sequência ao processo de expropriação do Ribeira D’Ilhas Surf Camp, deu-se a tomada de posse administrativa do terreno e a demolição do surf camp. E após quase um ano de obras, o novo projecto ficou concluído, embora até hoje os diversos equipamentos existentes continuem inactivos porque “a obra feita difere, nalguns pormenores, da obra inicialmente autorizada no Plano de Pormenor”, de acordo com as declarações do actual Presidente da Câmara Municipal de Mafra, Hélder Sousa Silva, em entrevista à AZUL.
A nova direção da Federação Portuguesa de Surf (FPS), em funções desde o final de Abril, veio ontem tomar posição, através de comunicado, sobre o caso. Além de enquadrar a situação e tecer algumas considerações sobre esta polémica, a nova direcção da FPS lamenta que não tenha sido tomada na altura uma posição pela antiga direcção.
Contactada pela AZUL, a actual Direcção do Ericeira Surf Clube preferiu não comentar esta tomada de posição da FPS.
Press release – “Como é do conhecimento geral, no dia 30 de Julho de 2012, o Ribeira D’ilhas Surf Camp foi objecto de tomada de “posse administrativa”, tendo sido destruído e os seus proprietários expropriados, num processo que hoje se encontra em discussão judicial, atenda à provável falta de fundamento para essa expropriação e pelo facto de o valor da indemnização proposta pelo Município de Mafra (entidade expropriante) para o terreno em causa ser cerca de dez vezes inferior ao valor real de mercado desse terreno, de acordo com avaliações independentes realizadas por peritos bancários no ano de 2009.
Por estar em causa uma Escola de Surf, filiada nesta Federação há mais de uma década, uma praia emblemática para o surf em Portugal, a FPS deveria ter, na altura, tomado posição, qualquer que ela fosse. A FPS não se pronunciou nem sobre a expropriação em causa, nem sobre a forma como ocorreu a “posse administrativa” e consequente projecto que foi desenvolvido na Praia de Ribeira D ́ilhas.
A FPS não pode deixar de recordar a importância que esse projecto teve como local de referência e de encontro da comunidade do surf da Ericeira e de destacar a capacidade demonstrada pelo Ribeira D’ilhas Surf Camp na prestação de um serviço exemplar de apoio de praia e de apoio ao surf que, sendo gerido por privados, cumpriu durante mais de uma década verdadeiras funções de interesse público.
Assim, a actual Direcção da FPS lamenta não ter a Direcção anterior, no momento próprio, tomado posição sobre a expropriação em causa, sobre a forma como ocorreu a “posse administrativa” e sobre o projecto que veio a ser desenvolvido na Praia de Ribeira D ́ilhas.”