Cinco pistas para um enredo musical

Tiago Ferreira - ph. DR

 

Texto: Hugo Rocha Pereira | Fotografia: DR

 

Em linguagem cinematográfica, poderíamos dizer que o EP “Temas para um Filme que Nunca Existiu” acabou de estrear; na realidade, estamos perante um disco (“uma espécie de curta musical”, nas palavras do autor), pelo que “edição” ou “lançamento” serão termos mais adequados. Escutados os temas do novo trabalho de Tiago Ferreira, lançámos cinco perguntas (uma por faixa) ao realizador/director musical, que nos deixou algumas pistas sobre os ingredientes que compõem esta banda-sonora imaginária.

 

Porquê o título “Temas para um Filme que Nunca Existiu”?

Há uns dois ou três anos, Todos Santos [ndr: banda a que Tiago Ferreira pertenceu] foram convidados a fazer uma banda-sonora de um filme. Esse filme nunca existiu, ainda assim já tinha começado um rascunho e decidi continuá-lo mesmo sem enredo. Na verdade, o filme nunca existiu e os temas que existem são apenas filmes da minha cabeça.

 

Nota-se uma presença muito mais forte da electrónica neste trabalho. Foi algo deliberado ou simplemente aconteceu assim?

Foi algo deliberado, sabia que não queria o formato canção que costumo fazer, queria uma coisa mais ambiente, com mais efeitos, sopros e cordas. Acrescentei uns sintetizadores e a coisa deu-se.

Sabia que não queria o formato canção, queria uma coisa mais ambiente, com mais efeitos, sopros e cordas

Em termos líricos, este EP parece ser bastante introspectivo e dominado por sentimentos nem sempre luminosos. A vida aqui deixou de ser infinitamente afável?

Não sei se é assim tão introspectivo, mas sim, é um EP dado ao sentimento e a coisas menos boas. A vida já não é afável, vive-se um ambiente de tensão, crime, amor e ódio.

 

Afirmas que estamos perante “cinco temas estranhos”. Achas mesmo?

Acho que sim, pelo menos para mim. São temas mais emotivos na escrita e os instrumentais encontram-se envoltos em máquinas de efeitos. Uma espécie de curta musical, um bocado diferente da vida afável [ndr: Tiago refere-se ao álbum “A Vida Aqui é Infinitamente Afável”], que era mais fácil de ouvir.

 

Já tens planos para projectar estes temas ao vivo? Quem te vai acompanhar em palco?

Já tenho planos. Que venham esses concertos! Em palco quem me acompanha são os Outros.