AABC defende implementação de regras de conduta para a Baía dos Coxos

 

Fotografia: Pedro Mestre

 

Ontem a Associação dos Amigos da Baía dos Coxos (AABC) emitiu um comunicado de imprensa no qual defende a necessidade de serem implementadas medidas de protecção que permitam assegurar que esta baía mágica, onde se encontra uma das melhores ondas a nível nacional, europeu e mundial “não seja vítima de mais agressões egoístas” em consequência da crescente massificação da sua procura e utilização para diversos fins.

Convém recordar que não são permitidas provas desportivas na Baía dos Dois Irmãos, como este espaço natural praticamente intocado também é conhecido, e que em 2018 aí foram colocadas barreiras físicas, tal como noutras praias e spots que constituem a Reserva Mundial de Surf da Ericeira.

o respeito pelo local é primordial para a sustentabilidade da baía dos Coxos

Passamos a transcrever, na íntegra, o press release emitido pela AABC:

“Caros amigos surfistas, admiradores e utilizadores da Baía dos Dois Irmãos mais conhecida por Baía dos Coxos.

Como é do conhecimento geral, a baía dos Coxos é objecto de protecção, conservação e gestão, ao abrigo da Reserva Mundial de Surf da Ericeira, tendo a AABC (Associação dos Amigos da Baía dos Coxos – associação de surfistas locais) a tarefa primordial de evitar que a utilização descontrolada, desmedida e sem respeito pelas regras de boa educação e conduta, possam pôr em causa a regular utilização e conservação da baía dos Coxos e da onda que aí rebenta.

Nos últimos tempos, devido ao aumento exponencial de praticantes de surf e à utilização generalizada de redes sociais, sentimos cada vez mais a necessidade de implementar medidas de protecção que permitam assegurar que esta baía não seja vítima de mais agressões egoístas, gananciosas e prejudiciais de alguns surfistas e indivíduos.

Ao longo dos anos fomos confrontados com os mais diversos projectos descabidos para a construção na baía de parques de estacionamento, estrada alcatroada, casas, restaurantes, bares, casas de banho, passadiços, corrimões etc …

Sem se preocuparem minimamente com a defesa dos valores e do meio ambiente local, houve, inclusive, alguns que, em benefício próprio, tentaram realizar campeonatos e outros eventos nesta baía.

A verdade é que o tempo vai passando e a baía mantém-se praticamente “intocável” há milhares de anos, sendo a onda dos Coxos universalmente conhecida como um local único para a prática do surf, onde o respeito pelos seus utilizadores e pela natureza imperam.

Esse respeito pela natureza e pela comunidade surfística implica que certas práticas e actividades não devam ter lugar na baía dos Coxos.

A onda dos Coxos é o palco de excelência de free-surf puro, não sendo o local indicado para a realização de eventos e treinos de surf (em grupo ou individuais), já que para esse fim existem muitas outras ondas a sul da pontinha dentro da Reserva Mundial de Surf, especialmente vocacionadas e preparadas para essa finalidade.

Esta prática tem tido lugar nos últimos tempos, sendo desenvolvida por alguns surfistas não locais, ligados a escolas de surf ou ao treino de atletas.

Destaque-se que muitos dos surfistas locais são proprietários e, ou, estão ligados a escolas de surf e ao treino de atletas e têm um especial cuidado em respeitar esta regra e não utilizam a baía dos Coxos para dar treinos e fazer filmagens dos seus alunos e atletas, pelo que não é admissível que isso seja feito por outras escolas ou treinadores oriundos de outros locais.

Temos também assistido a um excesso de mediatização da baía dos Coxos para fins individuais, promocionais e publicitários, o que faz com que haja cada vez mais uma procura desenfreada de imagens e de mediatização dos Coxos, não contribuindo também essa actividade em nada para a sua protecção.

Exemplo disso é a frequente a utilização ilegal de drones em completo desrespeito para com a legislação e principalmente, em desrespeito para com os demais surfistas que são incomodados com o perigo e o ruído que os mesmos provocam.

Verifica-se, também, a construção de estruturas com pedras empilhadas e outras “obras” que alteram a geologia e morfologia local.

Estes comportamentos e atitudes não podem ser tolerados.

É essencial que todos aqueles que vêm aos Coxos percebam que o respeito pelo local é primordial para a sustentabilidade da baía dos Coxos e para que o bom ambiente da mesma se mantenha.”