Fotografia: DR
Bilhete de Identidade
Elísio Costa Santos Summavielle
Nascido em Lisboa a 31 de Agosto de 1956
Quadro Superior da Administração Pública (actualmente presidente da Fundação Centro Cultural de Belém)
A Ericeira é um bom pedaço de mim com muito mar pela frente
A Ericeira é um bom pedaço de mim com muito mar pela frente.
O que mais ama e menos gosta na Ericeira?
Amo a vila que resiste, as pessoas que se mantêm devotas, a luz e o mar de todos os tons. Gosto muito menos do betão que cerca a vila e lhe trouxe o lado negativo da globalização.
Quais são as suas principais preocupações no presente e para o futuro da Ericeira?
Preocupa-me alguma ausência de iniciativas inovadoras e reprodutivas, na preservação do ambiente e na valorização da memória local. Refiro-me a um rico património imaterial que contempla não só a famosa gastronomia, como também o artesanato e algum saber-fazer que se vai perdendo no tempo. Preocupa-me a lenta e dolorosa agonia da pesca e da frota pesqueira, causada por erráticos projectos portuários que não foram bem sucedidos e colocaram a Ericeira sem força e sem resposta entre Cascais e Peniche. Preocupa-me, ainda, a ausência de um ordenamento turístico de equilibrada e sustentada segmentação. O mítico surf deu força à Ericeira, é um facto, mas necessita também, e urgentemente, de um zonamento costeiro que o acolha melhor onde possa ser praticado, com uma regulamentação própria bem fiscalizada, que credibilize as escolas e prestigie a actividade.
vou para a Ericeira desde sempre, já conto com 64 anos de névoa
O que é ser Jagoz?
O termo “Jagoz” tem uma origem algo insondável, misteriosa, que vai sendo objecto de diversas teorias, mais ou menos convincentes, ou saborosas. Na verdade, é o nome dado aos nascidos e criados na Ericeira.
Considera-se Jagoz?
A minha saudosa Mãe nasceu na Ericeira porque a minha Avó ali passava férias, e naquele tempo os filhos tinham-se onde se estava. Embora amasse a Ericeira, ela nunca se assumiu como “jagoz”, só lá vivia o Verão, essencialmente. Seguindo a tradição, eu vou para a Ericeira desde sempre, já conto com 64 anos de “névoa” e… mantenho-me devoto. Mas daí a ser “Jagoz”, só por adopção ou por sufrágio local, por parte dos legítimos.