Fotografia: Lusa
Diversos vestígios da Idade do Bronze foram encontrados durante a actual construção do Centro de Saúde de Mafra e são os mais antigos até agora descobertos na vila, comunicou recentemente à Lusa Ana Catarina Sousa, arqueóloga da Universidade de Lisboa.
As prospecções realizadas durante o Verão junto à zona de construção permitiram identificar “vestígios de um povoado da Idade do Bronze com data apontada entre o Século XI e o Séc. IX a.C., com uma cabana e várias estruturas anexas” que, por serem “os mais antigos” até agora encontrados na vila mafrense, “poderão corresponder à origem do núcleo populacional desta localidade”, afirmou à agência Lusa Ana Catarina Sousa.
Segundo a especialista, tratam-se de “vestígios de uma casa agrícola” que evidenciam os “primeiros contactos com o mundo mediterrânico num período pouco conhecido na região da Estremadura”, onde se situa Mafra, distrito de Lisboa.
A descoberta surpreendeu os arqueólogos: como a obra se situa no núcleo histórico de Mafra, “seria expectável” encontrarem achados da época medieval, já que na documentação histórica “há referências a um castelo”, sem que alguma vez tenha sido encontrado restos das respectivas muralhas.
“É muito importante a nível local porque temos muito pouca informação sobre as fases da antiga vila de Mafra”, sublinhou a arqueóloga.
Além dos vestígios da Idade do Bronze, os arqueólogos identificaram silos de várias épocas, incluindo a Alta Idade Média Islâmica, que deverão remontar aos séculos X-XII.
É muito importante a nível local porque temos muito pouca informação sobre as fases da antiga vila de Mafra
Os achados foram encontrados durante os trabalhos de acompanhamento arqueológico da construção do Centro de Saúde de Mafra e foram coordenados pela arqueóloga da Câmara Municipal de Mafra, Marta Miranda.
Nas escavações, que decorrem desde Julho, estão a colaborar alunos de Arqueologia e História da Faculdade de Letras de Lisboa sob a coordenação da arqueóloga Ana Catarina Sousa, no quadro de uma colaboração existente entre o município de Mafra e o Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa.
Os trabalhos arqueológicos estão em fase de conclusão, estando prevista a protecção das estruturas e acções de conservação e restauro dos materiais arqueológicos.
A descoberta dos achados arqueológicos atrasou a conclusão da obra, prevista para julho deste ano, como explicou o presidente da Câmara (Hélder Sousa Silva) na reunião de câmara em que foi aprovada a prorrogação do prazo de execução até meados de Novembro.
O novo centro de saúde vai servir 20 mil utentes, apresentando capacidade para 30 mil dos 65 mil registados em todo o concelho. Este é um investimento de 2,9 milhões de euros, visando substituir as actuais instalações da unidade – antigas e sem condições – que pertencem à Santa Casa da Misericórdia.
Para a obra a autarquia estabeleceu uma parceria com o Ministério da Saúde, pela qual a tutela transfere o dinheiro necessário, enquanto a Câmara lançou o respectivo concurso e tem vindo a ser responsável pela construção do novo centro de saúde.