Texto: Hugo Rocha Pereira
Fotografia: Susana Rodrigues
Sofia Novais de Paula, autora do popular blog Diário de um Batom, veio passar o último Domingo à Ericeira, a convite da AZUL – Ericeira Mag. Foi um dia em cheio, tanto para a Sofia como para a equipa da AZUL. Tudo começou de manhã, com uma divertida aula de surf (powered by Amar Surf Academy), seguida por um almoço para retemperar forças. Antes das despedidas (um “até já”, pois ambas as partes ficaram com vontade de repetir a experiência), nos viveiros de Ouriços da Urchinland, houve ainda tempo para a entrevista que podem ler aqui. Nela fala-se de blogs e redes sociais, de comunicação e marcas… e, claro, da Ericeira.
Quando e por que razão criaste o teu blog?
O blog tem sete anos e surgiu como incentivo de uma cliente minha. Eu trabalho em marketing e tenho muitos clientes na área da cosmética, entre os quais uma cliente que me achava alguma piada, achava que eu era um bocadinho irreverente e fora do normal. Ela numa reunião perguntou-me “Já pensou ter um blog?” e eu na altura pensei “Nem faço a mínima ideia do que isso é”, porque eu na altura não lia nem seguia blogs. Já tinha ouvido falar e disse “talvez”. Ela insistiu, dizendo que eu devia pensar nisso porque eu já trabalhava como maquilhadora e consultora de imagem, na verdade já tinha muito contacto com o mundo das mulheres.
Fala-nos um pouco do Diário de um Batom…
O nome “Diário de um Batom” surge por este blog ser algo intimo, eu não gosto de partilhar batons. Depois comecei a perceber que havia muitos homens a seguir-me e comecei a direccionar um bocadinho a minha comunicação para eles. Após a minha separação, também comecei a escrever um pouco mais sobre relações e apanhei uma parte de mulheres com que não estava a contar, e então comecei a vocacionar muito o blog para a parte da autoestima e da autoajuda, para as pessoas se sentirem bem com elas mesmas, bem umas com as outras e em sociedade, procurando aquilo que lhes faz bem.
O que é que te inspira?
Inspiram-me muito as pessoas extraordinárias, pessoas que realmente dão ao mundo o que nós não somos capazes de dar. Custa-nos muito dar aquele passo da ajuda. Eu hoje em dia não penso muito: dou porque gosto e porque quero e não penso.
Com que frequência se devem alimentar as redes sociais? Quais são as tuas redes sociais favoritas?
Como blogger, acho que se tu desapareces um dia ou dois, esquece! Morreste porque a máquina tem que estar sempre oleada, tem que haver uma alimentação constante. Quanto às redes sociais, eu nasci do Facebook, por isso o Facebook é poderosíssimo para mim. O Instagram também me corre bem. Adoro o Instagram e, entretanto, temos o Snapchat a crescer.
Como é que se deve lidar com o feedback negativo nas redes sociais?
Respirar fundo e jamais eliminar posts. Uma coisa é teres cometido um erro ou teres dito algo errado, acontece. Uma vez, há muitos anos, lembro-me de ter falado mal de alguém. Eu aí pus-me a jeito. Mas há pessoas que estão do outro lado para te destruir emocionalmente, são pessoas que não dão a cara. Existem pessoas que num post normal são capaz de fazer comentários terríveis. Tive uma situação em que tirei uma foto com uma pessoa amiga e uma seguidora que me odeia colocou o seguinte comentário: “Aí sim, tens uma mulher bonita e elegante, ao contrário de ti que és uma mulher vulgar e ordinária.”. Alguém que diz isto de uma foto normal não cumpre as regras de educação e respeito. Encaro estas situações como bullying. Pessoalmente sou contra o bullying em qualquer situação. Hoje em dia acabo por responder de forma directa, se não gosto do comentário, respondo de igual forma, mantenho a minha educação, mas respondo de forma fria e assertiva. Nunca dou estas respostas de cabeça quente, preferido responder no dia seguinte. Tento nunca alimentar estas situações, para que não se repitam.
Que vantagens podem as marcas colher com uma presença nas redes sociais?
Isso para mim é um pau de dois bicos. Eu venho do marketing e acho que houve um exagero, como em tudo. O português tem muito esse problema, ou não faz nada ou de repente é o disparate e faz tudo ao mesmo tempo e de repente. As pessoas e as marcas começaram a agarrar nas redes sociais como forma de poupar e não gastarem dinheiro em outras coisas.
Existem na Ericeira potenciais muito fortes: o mar, o surf, todo o turismo dedicado a isso.
Qual o papel das bloggers para a comunicação das marcas?
Depende das bloggers. Agora vou ser um bocado mazinha: como em tudo na vida, temos bloggers que são bloggers de paixão, temos bloggers que são bloggers que nascem por aquilo que acham que nós somos, que é ganhar dinheiro, e obviamente essas bloggers acabam por desaparecer.
Qual é a tua relação com a Ericeira?
É óptima! Já passei momentos extraordinários na Ericeira. Tive a pior passagem de ano da minha vida, em casa de um amigo, o que hoje em dia até tem piada. Vinha a todos os campeonatos de surf da Ericeira, já fiz surf na Ericeira. A primeira vez que comi bacalhau foi aqui na Ericeira e adorei. Por isso, sim, tenho memórias fantásticas aqui da Ericeira. Não faço é muita praia aqui por causa do vosso tempo…
Concordas que “a Ericeira não tem banhistas, tem devotos”?
Tem devotos, é verdade, aprendi essa hoje. E por aquilo que eu percebi, vocês também são uns apaixonados pela Ericeira e existe aqui uma magia especial. Ou é da luz ou são as pessoas fantástica que a Ericeira tem. Agora espero vir cá ainda mais vezes.
Encaras a Ericeira como uma marca?
Vocês têm um projeto muito interessante para trabalhar a Ericeira como marca. Existem aqui potenciais muito fortes: o mar, o surf, todo o turismo dedicado a isso. Penso que vocês como marca têm muita coisa a trabalhar e a explorar.