Texto: Hugo Rocha Pereira
Fotografia: Carla Ferreira
Há cerca de duas semanas alguns dos artistas nacionais confirmados no cartaz do Sumol Summer Fest estiveram reunidos no Ericeira Camping para a produção de uma série de entrevistas. Nessa ocasião esteve também presente Karla Campos, Managing Director da Live Experiences, uma das entidades organizadoras. Quando falta menos de um mês para o festival de música que marca o arranque do Verão na Ericeira, partilhamos o resultado da conversa descontraída e que teve como principal foco a evolução dum evento que se soube reinventar, muito recentemente, e vai já a caminho da sua 8ª edição.
Gostava que começasses por falar sobre o teu papel no Sumol Summer Fest.
Este projeto foi criado por mim, é da minha autoria. Eu já tinha outro projeto com a Música no Coração, que é o EDP Cool Jazz, e surgiu esta possibilidade de fazer aqui este festival, a pedido da Câmara Municipal de Mafra. Uma vez que já tinha essa parceria com a Música no Coração, achei que fazia sentido estendê-la para este projeto. Por isso, a origem do evento, a formação e a evolução que foi tendo ao longo deste tempo é da Live Experiences. E partilhamos o booking, a promoção, partilhamos todo esse trabalho diário com a Música no Coração.
A aposta na Ericeira como local para realizar o Sumol Summer Fest já leva alguns anos. O que torna a Ericeira a localização ideal para este evento?
Em primeiro lugar, a Ericeira esteve presente desde a minha infância e juventude. Embora não faça surf, sempre tive amigos que estavam ligados ao surf, da geração que começou o surf em Portugal, como o Miguel Aragão, o Ulisses e o Nick Uricchio da Semente. E andávamos sempre entre a Ericeira e a Costa da Caparica. Por isso a Ericeira sempre esteve próxima da minha vida. Entretanto dediquei-me à Música e não ter alguma coisa na Ericeira e na praia era coisa que me faltava. Por isso, quando surgiu a proposta da Câmara de Mafra para fazer alguma coisa de forma a dinamizar o Ericeira Camping, obviamente que me ocorreu fazer um festival e trazer música para aqui: é o que faz mais sentido – combina bem com a praia e com esta malta toda que anda aqui no surf. Penso que faltava isto à Ericeira.
Achas que este tem sido um bom local para o evento?
Não tenho dúvidas, isto é brutal!! O Ericeira Camping tem um espaço cinco estrelas para as pessoas poderem vir até à Ericeira usufruir de música e bons momentos.
Todos os anos, por alturas do Sumol Summer Fest, oiço o boato de que esta será a última edição na Ericeira. Isto merece-lhe alguma reacção?
Existe um conjunto de entidades que se juntam para fazer este evento e todos os anos tem que se ver se é possível o evento continuar a acontecer, e por isso é que talvez surja essa ideia de que falas. O facto é que já vamos para a oitava edição. Se perguntares o que vai acontecer no ano que vem, epá!! Eu gostava que isto continuasse, acho que faz todo o sentido: o espaço é bom, o ambiente é agradável, as praias são maravilhosas, este campismo é maravilhoso, as pessoas da Ericeira são impecáveis, recebem-nos tão bem que a intenção é sempre continuar. Mas precisamos de confirmar com todas as identidades que tornam isto possível, os patrocinadores, a Sumol, a Câmara de Mafra, a Junta da Freguesia da Ericeira. Tudo isto tem que ser conciliado para ver se é possível continuar.
as pessoas da Ericeira são impecáveis, recebem-nos tão bem…
Qual foi o factor-chave que levou à reestruturação do festival, que passou do Reggae para uma onda mais Hip-Hop e eletrónica?
Isto é música e música é público – são os que nos compram os bilhetes. Como eu costumo dizer, o meu melhor patrocinador é o público e a faixa etária deste festival é muito jovem. E quanto mais jovens são, mais mudam de gosto. A partir de certa altura começámos a verificar que o tipo de música presente no cartaz estava a decrescer na adesão, fomos percebendo que o gosto pelo reggae estava a decrescer e que se estava a tornar mais forte a pop, o hip-hop e a eletrónica. E, obviamente, temos que seguir as tendências e evoluir em função disso. É claro que os fãs mais fundamentalistas do reggae ficaram um pouco zangados connosco, mas a maioria ganha, não é?! Tivemos que fazer essa atualização do cartaz.
Essa mudança de estilo e target resultou no ano passado? Quais são as expectativas para este ano?
Tivemos uma transição de público. Quando há uma mudança há sempre perdas e ganhos. Este ano a coisa já esta mais sedimentada e por tanto acreditamos que funcionou bem o ano passado e que este ano, pelo feedback que temos tido, vai correr ainda melhor.
Que artistas ninguém deverá perder na edição de 2016?
Elliphant, Azealia Banks é brutal, Tinie Tempah na linha mais hip-hop e com um toquezinho de pop, o Gabriel Pensador é sempre maravilhoso, Trevo em termos de banda portuguesa que vem aqui estrear o seu disco. Depois, no palco Remix Sound Academy as noites de hip-hop e de afro vão ser brutais, com Marginal Men entre vários outros nomes.
Existe algum nome que gostariam de trazer ao festival e que ainda não foi possível?
Há muitos artistas que gostávamos de trazer e que de ano para ano crescem tanto que depois já não cabem neste festival, mas eu diria Jack Johnson.