“Quero voltar para ajudar o Benfica a conquistar títulos”

Ricardinho - ph. AZUL

 

Texto: Hugo Rocha Pereira | Fotografias: AZUL

 

Ricardinho, uma das principais referências do futsal da última década – foi mesmo eleito o melhor jogador do mundo em 2010 –, esteve no Domingo no Sobreiro a promover a academia com o seu nome que funciona no Urban Park: jogou com os miúdos presentes na iniciativa, fez malabarismos, distribuiu autógrafos e tirou fotografias, sempre disponível e de sorriso no rosto. No final conversou com a AZUL sobre o projecto das academias Ricardinho (à primeira, fundada em Gondomar, juntaram-se mais seis em 2013), as saudades de jogar em Portugal e a sua carreira internacional, que após uma experiência pelo Japão actualmente passa pelo Inter Movistar de Espanha, com os êxitos a que tem habituando os clubes que representa.

 

Quantas academias Ricardinho existem actualmente? E qual é o balanço que fazes destas parcerias?

Neste momento temos sete academias, um pouco por todo o país, e a partir de Setembro começam a funcionar mais algumas. O nosso objectivo passa, principalmente, por formar jogadores, porque infelizmente, em Portugal, a maioria dos jovens começa a praticar futsal algo tarde, pelos 14/15 anos, e muitos ainda mais tarde, pelos 17/18, como foi o meu caso. Estamos a tentar fazer esse trabalho de procurar miúdos com talento e ensinar futsal, porque esta modalidade não é só para quem tem talento.

 

Neste período já descobriram ou formaram alguns talentos?

Sim, já temos alguns talentos. Posso falar do caso mais recente: um miúdo de Gondomar, que entrou na academia com apenas quatro anos e já foi treinar ao Barcelona. Referenciaram-nos e agora está no Futebol Clube do Porto a jogar futebol de sete. Espero que consiga ter o seu futuro. Nós tentamos encarrilar as coisas e ajudar ao máximo. Sabemos que os miúdos não vão ser todos jogadores, mas todos podem ter uma boa formação e uma oportunidade.

O Urban Park vai ser uma referência para todas as academias.

Com que impressão ficaste do Urban Park e do trabalho que está a ser desenvolvido nesta academia?

Já tinha visto algumas imagens do pavilhão, mas vindo cá fiquei ainda mais impressionado. Gostei muito: tem boas condições, um piso espectacular e a zona é calmíssima, ideal para os pais trazerem os filhos e ficarem a ver. E o João Ferreira [treinador e responsável pela academia do Urban Park] tem uma relação de grande proximidade com os miúdos e os pais, o que é excelente. É esse espírito que queremos e vai ser, sem dúvida, uma referência para todas as academias.

 

Já passaste pelo Japão e agora jogas em Espanha: está nos teus horizontes um regresso a Portugal?

Obviamente que quero voltar a Portugal, mas a minha ideia continua a ser voltar para ajudar o Benfica a conquistar títulos e não apenas para ganhar dinheiro e estar em casa. Sem dúvida que tenho muitas saudades da massa adepta do Benfica. Falo deles quase todos os dias em Espanha, onde não têm o mesmo sangue apesar de se viver o futsal duma maneira espectacular. Está na minha cabeça voltar, mais cedo ou mais tarde, mas agora tenho de pensar, pelo menos mais dois ou três meses, no Inter Movistar.

Ricardinho - ph. AZUL

Rodeado por fãs de todas as idades.

És benfiquista? 

Aprendi a ser benfiquista. Sou lá de cima do Norte, era portista, mas quando fui para o Benfica começou a crescer uma paixão, não só pelo carinho que me davam como pelos títulos conquistados em nove anos com aquela camisola. E é impossível não amar aquele clube quando o vives por dentro. Mesmo em Espanha tento acompanhar tudo o que se passa no Benfica.

 

O Inter Movistar já conquistou a Taça de Espanha, foi campeão da fase regular do campeonato e agora disputa os playoffs. O objectivo principal desta época é o campeonato?

Fomos traçando etapas, até porque o Inter Movistar é um clube que já ganhou tudo e dum momento para o outro deixou de conquistar títulos, nem sequer ia às finais durante os últimos seis anos, o que começou a pesar. Então, o objectivo para este ano era chegarmos às finais. Felizmente conseguimos chegar à final da Taça (após eliminarmos o Barcelona) e vencê-la contra o El Pozo, o que foi inesperado e espectacular. Ganhámos a fase regular do campeonato e agora queremos passar os playoffs fase a fase e, no mínimo, chegar à final. Até porque do nosso lado das eliminatórias não apanhamos nem o Barcelona nem o El Pozo, que são as equipas mais fortes. Acho que temos todas as condições (e devemos, pela época que fizemos) chegar à final. Se a final for com o Barcelona, seria maravilhoso porque eles foram campeões europeus e assim tínhamos acesso directo à Liga dos Campeões do próximo ano. Mas seja com quem seja, queremos é chegar à final.

 

Já ganhaste praticamente tudo a nível colectivo e individual. Que títulos ainda ambicionas conquistar?

Tenho muitas mágoas, principalmente por não ter conquistado nenhum título pela Selecção Nacional. Embora tenhamos muita qualidade, não somos uma potência no futsal. É um pouco como no futebol: somos eternos candidatos, mas acabamos por ficar sempre aquém do esperado. Este ano passou-se o mesmo, perdemos a meia-final [do Europeu] com a Itália. O que me faz mais falta é um título europeu ou mundial por Portugal porque sinto que não consigo retribuir todo o carinho que sinto dos portugueses.

Ricardinho - ph. AZUL