«Quero tornar O Pãozinho das Marias uma referência!»

 

Texto: Hugo Rocha Pereira | Fotografia: DR

 

Francisco Duarte, sócio-gerente e chefe pasteleiro d’O Pãozinho das Marias, não tem tido mãos a medir nos últimos tempos. Desde que no início de Abril venceram o Concurso de Melhor Pastel de Nata de Lisboa, promovido pelo festival gastronómico Peixe em Lisboa, a procura disparou em flecha. Após incontáveis fornadas e solicitações várias – entre as quais uma ida à Rádio Comercial que ilustra esta peça –, fomos conversar com o jovem pasteleiro (apenas 26 anos) sobre este boom inesperado dum negócio familiar que nos últimos tempos adoçou a boca a milhares de portugueses e não só.

 

Agora que a poeira assentou, qual é o balanço que fazem do último mês e meio, desde que ganharam o prémio de melhor pastel de nata da região de Lisboa?

O balanco, além de óptimo, foi estrondoso nas nossas vendas. É um prémio que tem muita visibilidade e como este é o bolo mais consumido em Portugal trouxe-nos grandes divulgação na perspectiva da marca O Pãozinho das Marias!

No boom atingimos vendas incriveis e chegámos aos 8.000 mas isso foi um dia em particular.

É verdade que passaram de vender 300 a 400 pastéis de nata num dia de Sol e bom tempo, ao fim-de-semana, para vender diariamente cerca de 8.000 unidades?

Um dia muito bom de Verão trazia um recorde de 400 natas mas depois deste prémio passámos a ter uma média de 600 durante a semana e 2.500 aos fins-de-semana. No boom atingimos vendas incriveis e chegámos aos 8.000 mas isso foi um dia em particular.

O segredo está na massa... e no recheio!

O segredo está na massa… e no recheio!

Alguma vez vos passou pela cabeça que o prémio pudesse causar este impacto?

Eu acho que ninguém espera por isto, por muito que digam que têm noção. É um impacto brutal e a publicidade a nível nacional traz uma procura excessiva que torna isto num caos.

 

Como é que se mantém a qualidade aumentando a quantidade dessa forma?

Por muito que eu queira manter a qualidade ao máximo não é possível. Deixei de ser eu a tratar de todos os processos, portanto isso deixa algumas coisa aquém da devida qualidade, mas no entanto tento ter sempre o máximo possível!

felizmente trouxe o lugar pelo qual tanto lutei.

Quando entraram no concurso do Peixe em Lisboa pensaram que podiam ganhar?

Eu participei neste concurso porque acreditava que era capaz de o fazer. Confesso que no ano passado fiquei um pouco desiludido, mas não quis fazer disso um ponto fraco e tirei disso tudo o que uma derrota nos traz de bom para este ano estar melhor. Além de ir com muito menos expectativas, fui com cautela na esperanca de ter um segundo ou um terceiro lugar, mas felizmente trouxe o lugar pelo qual tanto lutei.

 

Qual tem sido o feedback sobre os pastéis de nata e O Pāozinho das Marias?

O feedback tem sido óptimo: O Pãozinho das Marias não é só os pastéis de nata, temos tudo de bom! Mas, como é óbvio, não podemos agradar a toda a gente; naquelas semanas [ndr: logo a seguir ao prémio] o stress trouxe alguns problemas ne atendimento, questão que tentámos minimizar essa questão. Acho que temos crescido bastante!

Há muito pãozinho por descobrir nas Marias

Há muito pãozinho por descobrir nas Marias

Tiveram alguns episódios caricatos destes últimos tempos?

Episódios caricatos acho que têm sido mesmo as horas passadas a trabalhar no duro

uma senhora levou 100 unidades!

Tens ideia da maior compra de pastéis de nata feita por uma só pessoa após a conquista do prémio? 

Penso que uma senhora levou 100 unidades!

 

Têm fornecido pastéis de nata para outros estabelecimentos, dentro e fora da Ericeira?

Não temos fornecido ninguém que não fosse já cliente antes disto, nem temos condições para tal neste momento. Tem sido dificil dar resposta a tudo.

a persistência leva-te à perfeição!

Podes partilhar connosco o segredo para produzir pastéis de nata tão bons e (agora) tão afamados?

O segredo é muito gosto, muito carinho, muito amor e, acima de tudo, a persistência leva-te à perfeição!

 

Conta-nos o teu percurso como pasteleiro.

O meu percurso ainda é muito curto, sou novo. Estive num curso de hotelaria mais direccionado para a cozinha (que é o que quero seguir), mas como tinha o negócio [ndr: O Pãozinho das Marias] segui por aqui e ao longo do tempo comecei a tomar o gosto à profissão [ndr: de pasteleiro] e comecei a tentar evoluir ao máximo, aprendendo com toda a gente e tentando retirar o máximo de informação possível.

 

Há quanto tempo foi fundado “O Pãozinho das Marias”? 

Foi inaugurado há cerca de 18 anos, contra muitas “profecias” de que naquela zona [ndr: bem perto da praia do Algodio] nunca iria dar certo. E a verdade é que se passaram uns anos complicados porque o Verão antigamente só durava um mês e meio e tínhamos que fazer bem as contas pelo resto dos meses. Fomos crescendo e ganhando mercado e as coisas estabilizaram um pouco, ate há cerca de três anos ter surgido a enorme oportunidade de ficarmos situado no centro [ndr: da Ericeira], o que é fascinante e traz uma enorme visibilidade perante todos! Sempre com qualidade, muito gosto e tentando fazer mais e melhor para ser uma casa de prestígio na grande vila que é a Ericeira! O que eu quero é tornar O Pãozinho das Marias num ponto de referência!

Mais uma fornada a sair!

Mais uma fornada a sair!