Ondas Austríacas na Ericeira

Gregor Praher, vice-presidente da Federação Austríaca de Surf. - ph. Mauro Mota

 

Texto: Hugo Rocha Pereira | Fotografia: Mauro Mota

 

Faz hoje uma semana que terminou o Nacional de Surf Austríaco, realizado em Ribeira d’Ilhas. Altura para publicarmos a entrevista com Gregor Praher, representante da Federação de Surf do seu país, sobre as razões para a escolha da Ericeira como palco do campeonato pelo segundo ano consecutivo.

Se os melhores surfistas são não só os que se divertem mais como aqueles que têm boas atitudes dentro e fora de água, a comunidade austríaca da Ericeira conta com praticantes de alto nível. Já com o gravador desligado, Greg (como é mais conhecido) confidenciou que optaram por realizar o campeonato durante a semana – tal como já sucedera em 2012 – por considerarem que o fim-de-semana pertence aos locais.

 

Por que é que a Federação de Surf Austríaca escolheu a Ericeira para realizar o seu Campeonato Nacional?

O campeonato realizou-se em França até há um par de anos, mas apercebemo-nos de que existe uma grande comunidade austríaca na zona da Ericeira por causa dos três surf camps geridos por austríacos: Portugal Surf Camp, Nalu Surf Camp e Mellowmove. Por isso, existe uma considerável comunidade austríaca nesta área. Não existe outro sítio no mundo em que três surf camps austríacos estejam tão perto. E a cooperação é sempre boa, não existem conflitos entre eles, há uma relação de amizade entre estes surf camps. Para mais, existem outros austríacos que se mudaram para cá. Diria que a Ericeira é a zona de maior concentração de surfistas austríacos na Europa, e esta foi a principal razão para realizarmos cá o campeonato.

 

A Ericeira é a zona de maior concentração de surfistas austríacos na Europa.

 

Há quanto tempo esta comunidade austríaca se começou a instalar na zona da Ericeira?

Julgo que começou há cerca de doze anos, e começou a crescer a partir de então. Alguns dos surfistas deste campeonato são austríacos em part-time: alguns trabalham cá nos surf camps durante o Verão e depois passam o Inverno na Áustria para fazer snowboard.

 

E o ano passado organizaram o campeonato cá pela primeira vez…

Sim, o ano passado foi a nossa primeira vez cá e correu muito bem, graças à cooperação com o Ericeira Surf Clube e às boas ondas. Foi um campeonato bastante porreiro, com óptimo feedback e bom ambiente, por isso decidimos ficar cá e repetir a experiência.

 

No ano passado a ondulação ficou um bocado bruta…

Sim… o campeonato começou no Matadouro e à tarde tivemos que suspender a competição porque a ondulação não parava de subir. No último heat desse dia estava mesmo muito difícil para os surfistas chegarem ao outside e houve mesmo um competidor que foi varrido enquanto remava para fora e partiu um dedo do pé. No dia seguinte mudámos o campeonato para a Praia do Sul.

 

Como é que o campeonato correu este ano? E planeiam voltar em 2014?

O mar não esteve tão grande como no ano passado, mas os competidores até ficaram felizes por isso (risos). Ficámos outra vez impressionados pelas ondas, o local e a cooperação com o Ericeira Surf Clube, por isso o plano é continuar a realizar o campeonato cá no futuro porque este é o sítio perfeito para a competição. Não há qualquer razão para mudarmos para outro sítio.

 

O plano é continuar a realizar o campeonato cá no futuro porque este é o sítio perfeito para a competição.

 

E o que levam da Ericeira ao realizarem cá este campeonato?

Levamos muita experiência daqui. A maior parte dos surfistas fica impressionado com esta zona, que é muito agradável e perfeita para surfar, com tantos picos e ondas de tipos diferentes. Penso que quando os competidores regressam à Áustria dizem às pessoas como isto é porreiro. Vivendo nos Casais de São Lourenço, eu encaro a Ericeira como segundo lar ou até o lar que escolhi. Tento passar mais tempo por cá do que na Áustria. Eu adorava o snowboard, mas quanto mais surfo menos faço snowboard. Prefiro o oceano, sem dúvida.

Gregor Praher. - ph. Mauro Mota

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