Texto: Hugo Rocha Pereira | Fotografia: DR
Aquele que já foi considerado o maior profeta da desgraça da humanidade tem concerto de estreia (universal) marcado para amanhã – sexta-feira, 13, relembramos – na 13ª sessão acústica da Taberna Lebre. A maioria ficará intimidada por esta conjugação de factores pouco auspiciosos, mas a Azul não receia passar por baixo de escadas nem treme à passagem de gatos pretos. Fomos, por isso, bater à porta de Artur Mentado para ficarmos a conhecer um pouco melhor a personalidade e arte desta figura misteriosa. Artur não mostrou reservas em falar de si ou das suas referências artísticas, mas não adiantou muito em relação à performance de amanhã, pelo que o melhor será mesmo ouvi-lo carpir as suas desgraças e mágoas no nº 3 da Rua da Misericórdia.
Quem é, afinal, Artur Mentado?
Artur Mentado nasceu na prisão de Tires e cedo se tornou órfão. A sua paixão pela música vem do seu ouvido que funciona. Aprende a tocar piano à força na instituição que o acolheu e começou a compor muito cedo, fazendo-o durante a realização das tarefas de limpeza que lhe eram incumbidas. Uma vida de desilusões, contratempos e azares culmina com a tragédia que ceifa a vida da sua musa inspiradora. Estreia-se na escrita com “Ode estou eu há tristeza” (concurso de escrita livre do Jornal de Loures) e edita três livros pela Editora Pelourinho: “Envelhecer em Casa”, “Meto-me Nojo” e “Saibo a Fel”. Editou até agora cinco discos: “Tristão e Isola-se”, “Não Há Ninguém que me Artur”, “Há Quem se Mate por Menos”, “Ao Vivo no Calvário” e “Canções para Cortar Aveia”, de 2012.
Este projecto cruza música com spoken word e um lado teatral: quais são as tuas principais referências na poesia, música, no cinema ou outras artes?
Artistas como Fernandes Troçado, Joaquim Feliz, António Lôbrego Funéreo, Martim Fortúnio, Abreu Caligem, Mendes Gosto, Rita Citurna, entre outros.
Uma vida de desilusões, contratempos e azares culmina com a tragédia que ceifa a vida da sua musa inspiradora.
Podes levantar um pouco o véu (ou a lápide…) sobre o concerto de amanhã?
Poderão ouvir as canções do último álbum, «Canções para Cortar Aveia».
A tua estreia universal acontece numa sexta-feira 13 e, ainda para mais, na 13ª sessão acústica do Lebre: este concerto tem tudo para dar errado?
Nada, qualquer coisa que aconteça é de certeza para melhor.