O ofício da organaria está em extinção, alerta mestre Dinarte Machado

Dinarte Machado. - ph. Pedro Freitas Silva/Lusa

 

Texto: AZUL/Lusa | Fotografia: Pedro Freitas Silva/Lusa

 

O mestre organeiro Dinarte Machado, cujo restauro dos órgãos do Palácio de Mafra foi reconhecido internacionalmente em 2011, vê com apreensão o futuro de uma arte e de um património, por falta de formação reconhecida pelo Estado.

“Tenho jovens que se querem formar comigo e aprender a arte da organaria portuguesa, mas qualquer diploma que eu possa passar não tem qualquer validade, porque não tenho essa acreditação do Estado”, explicou o mestre com 27 anos de ofício à Agência Lusa, referindo-se a uma impossibilidade decorrente da legislação, que não é alterada desde 2009.

A impossibilidade decorre da legislação, cuja última alteração data de 2009. Apesar de tudo, pela oficina do mestre, no concelho de Mafra, têm passado muitos aprendizes, mas poucos ficam.

Dinarte Machado é um dos três organeiros existentes no país e tem uma oficina no concelho de Mafra por onde passam muitos aprendizes, embora poucos persistam nesta arte. Por isso mesmo, o mestre frisa que o património pode estar em “causa” devido à falta de especialistas no restauro de órgãos históricos portugueses, conhecidos pela sua singular construção e musicalidade, que cedo a diferenciou da escola espanhola.

O mestre foi o responsável pela restauração dos seis órgãos da Basílica do Palácio Nacional de Mafra, que têm um total de 12 mil tubos e foram concebidos para serem tocados ao mesmo tempo. O nome de cada um dos órgãos está associado à capela onde se encontram instalados: Evangelho, Epístola, São Pedro d’Alcântara, Sacramento, Conceição e Santa Bárbara.

Os órgãos voltaram a tocar em 2010, 200 anos depois da última nota musical exteriorizada pelos instrumentos que foram intervencionados durante 11 anos numa recuperação avaliada em um milhão de euros e financiada por um banco.