Fotografia: Shoot Me Surf/DR
Miguel Barata de Almeida dirige os destinos do Ericeira Surf Clube (ESC) há pouco mais de um ano e pelo caminho tem encontrado diversos desafios. Ao estado global da economia, que se impregna como um vírus nas contas até das pequenas associações, junta-se o crescimento exponencial da Ericeira enquanto destino privilegiado de ondas. Ambos os elementos estão intrinsecamente ligados e da evolução dos seus indicadores depende muita da actividade do ESC.
Depois de revisitar o passado, o Presidente do ESC projecta o futuro próximo do clube e o que 2014 pode trazer aos seus atletas. Para já, as novidades ficam-se pelo Circuito Regional de Surf da zona Centro, que tem regiões peso-pesado de Portugal na organização das etapas: Peniche, Nazaré e Ericeira. Miguel Barata de Almeida, que vê na formação competitiva dos jovens em desportos de ondas a motivação maior para comandar o clube, adiantou ainda que já recebeu propostas para organizar novos eventos na Ericeira, embora as novidades sejam reveladas com o desenrolar da temporada.
Que balanço fazes das actividades do clube neste ano que está a terminar?
Foi um ano francamente positivo. De todas as actividades que nos propusemos organizar fica somente por fechar a finalíssima do Bodyboard Fest [em Janeiro de 2014] e não iremos realizar a 3ª etapa do Circuito de Bodyboard [do Ericeira Surf Clube], pois, devido ao calendário nacional, só conseguiriamos finalizar em Janeiro. No entanto, convém destacar que, pela primeira vez em muitos anos, realizámos uma etapa dos Circuitos Nacionais de Surf e Bodyboard Esperanças; o Campeonato Nacional de Surf da Áustria, uma etapa do Circuito Nacional de Skimboard, cinco etapas dos Circuitos Intersócios, participámos no Memorial Miguel Canário e promovemos activamente a vinda das Escolas de Surf sediadas no concelho para o clube. Certamente que muito mais poderia, e deveria, ser feito, mas como deverão entender todos nós temos as nossas actividades profissionais, compromissos familiares e sociais que nos impedem de alargar o raio de acção e melhorar variadíssimos aspectos internos.
Enquanto dirigente dum clube, quais são os maiores desafios e dificuldades com que te tens deparado? E donde extrais mais alegria e motivação?
Sou sócio fundador do ESC, estive primeiramente cinco anos nos órgãos sociais, aos quais regressei novamente em 2008, sendo somente Presidente da Direcção desde 2012, ou seja, são mais de dez anos enquanto membro activo.
Os maiores desafios e dificuldades são tentar cumprir os planos de actividades a que nos propomos no início de cada ano, pois raramente, ou nunca, estão lançados os circuitos mais importantes para que possamos encaixar as nossas etapas e assim procurarmos cumprir o previsto, dentro do orçamento que temos. O que me motiva neste trabalho é poder contribuir para que os miúdos possam ter uma formação competitiva organizada nas modalidades de ondas que promovemos, ver o seu percurso e conquistas e estar ao lado dos pais que tantos sacrifícios fazem por eles.
Muito aconteceu em 2013, principalmente nos dois desportos que mais praticantes reúnem: o surf cresce a olhos vistos, embalado pelas prestações do Frederico Morais e dos espectáculos na Nazaré; o bodyboard decai com o fim abrupto do circuito mundial e uma indústria em decadência. Como é que o clube pensa aproveitar o potencial do surf nacional na Ericeira e manter o bodyboard vivo numa região fértil em ondas para bodyboard?
Como todos sabem, a principal vocação do Ericeira Surf Clube é a promoção organizada dos desportos de ondas. Iremos continuar a potenciar as nossas ondas, independentemente das modalidades, sendo logicamente a prática do bodyboard uma das nossas maiores preocupações. Felizmente que marcas como a Ericeira Surf & Skate, Hollow Boardshop, Liquid Choice, Doghouse, continuam a apostar, dentro dos seus orçamentos, naturalmente, e a impulsionar a modalidade. É um pouco preocupante que as nossas provas tenham mais atletas de outras localidades, sobretudo nas camadas mais jovens. Espero, e desejo, que não passe de um momento menos bom desta modalidade e que esta volte rapidamente à ribalta como esteve durante duas décadas.
O que me motiva neste trabalho é poder contribuir para que os miúdos possam ter uma formação competitiva organizada nas modalidades de ondas que promovemos, ver o seu percurso e conquistas e estar ao lado dos pais que tantos sacrifícios fazem por eles.
Sentes que a Federação Portuguea Surf (FPS) tem feito o seu trabalho no apoio aos clubes locais?
Em Abril deste ano entraram novos elementos nos orgãos sociais da FPS. Como as competições para 2013 já estavam lançadas, pouco se viu a sua intervenção e o seu apoio aos clubes tem sido o mesmo dos últimos anos. Há cerca de um mês para cá, temos assistido a algumas alterações, nomeadamente na inscrição e quotização das escolas de surf, na criação dos Circuitos Regionais, nos Circuitos de Esperanças de Surf e Bodyboard, na inscrição de atletas, na disponibilização aos clubes, no início do ano, de um sistema informático de julgamento a titulo gratuito. O mais importante na nossa relação com a FPS é, e será sempre, a partilha de informação. Os clubes têm de estar sempre a par das iniciativas da FPS. A FPS são os Clubes. Tudo o que façam deve ser do conhecimento dos clubes.
A situação de Ribeira d’Ilhas continua a ensombrar o verdadeiro potencial do surf na Ericeira. O que achas necessário para se resolver de uma vez a situação?
Devido às questões que estes dois últimos anos têm levantado, muito se tem opinado sobre a requalificação de Ribeira d’Ilhas. Naturalmente que não existe “o projecto ideal”. Certamente que este também não o é. Temos de acreditar que a partir do momento em que possamos ususfruir a 100% das suas instalações iremos todos poder disfrutar desta praia na sua plenitude.
2014 está aí à porta. Que planos há para o próximo ano?
Os planos para o próximo ano assentam neste que terminou. Podemos acrescentar que fomos já contactados para realizarmos ou co-realizarmos algumas outras provas, mas não é ainda nada definitivo, pelo que é cedo para as divulgarmos.
O mais importante na nossa relação com a FPS é, e será sempre, a partilha de informação. Os clubes têm de estar sempre a par das iniciativas da FPS. A FPS são os Clubes. Tudo o que façam deve ser do conhecimento dos clubes.
Estão a preparar alguma novidade para a próxima temporada?
A novidade maior é a criação do Circuito Regional do Centro, na modalidade de surf, em que estão envolvidos os clubes da Ericeira, Peniche e Nazaré. É um circuito que contará com quatro etapas (a finalíssima será este ano em Peniche), com os escalões etários Sub-18, Sub-16, Sub-14, Sub-12 e Sub-18 Feminino, podendo ser alargado à categoria Open. Paralelamente, ficou acordado com o representante da FPS que, ainda durante o primeiro trimestre de 2014, irá decorrer na Ericeira um curso de júris, algo inédito nos últimos anos, o que nos permitirá reforçar o nosso painel de júris, indo ao encontro das mudanças que fomos obrigados a encetar no início de 2013.
Que apoio podem esperar os atletas do clube no próximo ano?
A exemplo do último, e sendo o ESC uma associação sem fins lucrativos, logo, tendo recursos bastante limitados, os atletas que compitam no Circuito Nacional de Esperanças Surf e Bodyboard terão as suas inscrições pagas. Gostaríamos também de colocar ao dispor uma viatura que pudesse transportar os atletas aos vários pontos do país para competirem nestes Circuitos. Vamos aguardar. Pode ser que em 2014 possamos ter alguma novidade. Disponibilizar um cartão de sócio que também permite descontos em alguns agentes económicos, sobretudo locais. Continuar a parceria com a Câmara Municipal de Mafra relativamente à utilização gratuita das piscinas municipais como parte integrante do treino dos atletas envolvidos em competições.