Texto: Hugo Rocha Pereira | Fotografia: DR
O Ericeira Surf Clube (ESC) comemorou duas décadas de vida no ano que está prestes a findar. Fundado no dia 23 de Setembro de 1993, tem-se afirmado como uma referência no que aos desportos de ondas diz respeito, não só pela formação de atletas como pela organização de provas de âmbito local, nacional e internacional. Miguel Barata de Almeida, actual Presidente do ESC, foi também um dos seus fundadores, num triunvirato completado por Paulo Xavier Varela e Luís Reis.
Para além de ter contribuído para a formação de vários atletas que muito ajudaram a difundir as suas diversas modalidades e a Ericeira, Miguel Barata destaca “o respeito e o carinho por parte daqueles que cresceram lado a lado com o ESC ao longo destes 20 anos, nomeadamente os seus atletas, empresas ligadas às modalidades de ondas e algumas instituições públicas.” Considera, no entanto, faltar ainda “o devido reconhecimento público, nomeadamente uma agraciação”, a exemplo do que se tem verificado com alguns atletas nascidos no Clube.
O maior símbolo da formação do ESC é, sem dúvida alguma, Tiago Pires, ou não fosse “Saca” o representante máximo do surf português de todos os tempos. Mas não deixa de ser irónico que, além deste exemplo – e embora a Ericeira tenha das melhores condições de ondas do Mundo –, somente a espaços outros atletas locais vinguem nos grandes palcos. Na opinião de Miguel Barata, talvez falte mais “apoio das marcas e treino supervisionado por técnicos especializados”, tendência que considera estar a ser contrariada. “Creio que dentro de poucos anos o trabalho agora realizado irá dar os seus frutos”, diz, antes de apontar exemplos nas diversas modalidades: no surf coloca Tomás Fernandes, Carina Duarte, Ana Sarmento (actuais campeãs nacionais Open e Pro Junior, respectivamente) e Keshia Eyre num nível mais adiantado, referindo o surgimento das promessas Pedro Rua, Henrique Pyrrait ou Vasco Diniz. No bodyboard, Filipe Cabrela (actual vice-campeão nacional) só por muito pouco não conquistou o título nos últimos três anos. Já no skimboard, Diogo Abrantes tem sido campeão nacional nos vários escalões etários, estando este ano a discutir o título nacional absoluto a par do seu irmão mais velho, Ricardo Abrantes.
Miguel Barata destaca “o respeito e o carinho por parte daqueles que cresceram lado a lado com o ESC ao longo destes 20 anos.”
É costume dizer-se que os surfistas não envelhecem, as pranchas é que vão ficando mais compridas. Ora, o ESC, enquanto instituição dinâmica, apresenta actualmente várias diferenças em relação ao ano em que nasceu. Miguel Barata realça três: o “significativo aumento quantitativo e qualitativo dos atletas”; a evolução tecnológica, não só nos suportes informáticos de julgamento como na consulta das previsões meteorológicas, que permite “realizar as etapas do circuito inter-sócios nas condições ideais”; e, por fim, “a muito mais fácil divulgação das nossas actividades pela comunicação social”, o que reforça a imagem positiva dos desportos de ondas junto do grande público.
Não é que o Presidente do ESC tenha sentido falta de apoio local ao longo dos tempos (“respeitam sempre as provas que realizamos, independentemente dos locais, e muitos prontificam-se a colaborar”), embora considere que o envolvimento pudesse ser maior, nomeadamente se o Clube tivesse uma sede que funcionasse como ponto de encontro para a comunidade. Igualmente importantes têm sido os patrocinadores, para quem deixa as últimas palavras: “o Ericeira Surf Clube contou sempre com a Despomar e a Semente. E, mais recentemente, com a Allianz, Boardculture, Lapoint, Ericeira Camping, Caixa de Crédito de Mafra, Mica Surfboards, Tiago Pires Surf School”, além de vários restaurantes e outras empresas que beneficiaram do boom do surf em Portugal e na Ericeira.
Podem ler amanhã, na AZUL, uma entrevista com Miguel Barata de Almeida, na qual, entre outros temas, o actual Presidente do ESC faz o balanço do ano que agora termina e projecta os próximos tempos do Clube.