Fotografia: AZUL
Há uma história de sobrevivência que fica da passagem da tempestade Hércules pela Ericeira. Na passada segunda-feira, conscientes dos avanços do mar, mas na esperança de evitar prejuízos maiores que a forte ondulação pudesse trazer, José António (que opera os tractores e a grua dos barcos) e Paulo Serra (gerente do bar do Clube Naval da Ericeira – CNE) dirigiram-se às instalações localizadas no porto de pesca para desligarem a instalação eléctrica e tentarem salvar alguns bens, já prevendo a eventualidade de as ondas atingirem o local.
Quando se encontravam dentro das instalações, um primeiro golpe de mar obriga-os a fugir do restaurante e a refugiarem-se nas instalações anexas, que servem de apoio à pesca desportiva. Foi nesse local que uma onda de enormes dimensões entrou com grande violência, tendo projectado um dos encurralados, que viria depois a receber tratamento hospitalar. Os dois homens ficariam cerca de três horas com água pelo pescoço à espera que a maré descesse para dali poderem sair.
Em declarações à Agência Lusa, José Simões, presidente da Direcção do CNE, contou que “o mar entrou pela porta norte e destruiu tudo”, e respira de alívio por não ter acontecido uma tragédia maior. O mar destruiu a zona de comércio, para além de ter provocado danos na casa-de-banho e na oficina de reparação das embarcações, levando máquinas e ferramentas. O resultado são milhares de euros de prejuízo, ainda por contabilizar na totalidade, mas que resultam do estado em que ficou o restaurante, com vidros das janelas partidos e danos na esplanada interior, mobiliário e arcas frigoríficas, a que se juntam a perda do stock de bebidas e de comida.