Fotografia: David Samperio
França, Reino Unido e Espanha continuam a ser os mercados que mais contribuem para o turismo português, mas o peso da Rússia, China e Angola no sector foi o que mais cresceu na última década, revelam os mais recentes dados do Banco de Portugal (BdP).
Os três países da União Europeia perfazem um total de 46,6% do mercado turístico português, valor que os deixa no topo do ranking, tal como acontecia em 2003. No ano em que Portugal bateu recordes de receitas turísticas, a França manteve-se como líder entre os contribuintes para o sector, aumentando em 8,6% as despesas em Portugal, o que representa 1668,5 milhões de euros. O segundo lugar é ocupado pelo Reino Unido, que aumentou em 4,2% o peso na economia turística portuguesa, com os gastos a rondarem os 1507 milhões de euros em 2013.
Já a Espanha, país preferido pelos turistas portugueses nas viagens ao estrangeiro, fixou-se no terceiro lugar, deixando em Portugal 1134,6 milhões de euros, reflectindo um aumento de 2,7%.
Com estes resultados, França, Reino Unido e Espanha ficam ligados ao crescimento absoluto de 34,5% (644,1 milhões de euros) registado entre 2012 e 2013 no turismo português.
Contudo, os três países do arco europeu não foram os que mais aumentarem em percentagem o contributo para o sector turístico de Portugal nos últimos dez anos. Aliás, até viram o seu peso diminuir: em 2003 pesavam 52,1% nas receitas do sector, valor que agora se situa nos 46,6%.
É aqui que entram mercados alternativos como Angola, Rússia e China. Os primeiros ocupam agora o 5º lugar entre os países que mais gastam no turismo em Portugal, sendo que há uma década estavam em 12º lugar. Esta classificação traduz-se num aumento de 330% em dez anos – de 119,5 para 513,9 milhões de euros.
A maior subida nas despesas turísticas desde 2003 foi protagonizada pela Rússia, que aumentou os gastos em 770%, embora em 2013 ainda só representassem 0,9% do total das receitas turísticas portuguesas, contribuindo com 79,8 milhões de euros. Depois dos russos surge a China, que aumentou a sua quota de despesas em Portugal em 665%, embora contabilizando apenas 34,2 milhões de euros no ano passado.
O aumento destes mercados no sector do turismo português deve-se sobretudo à crescente aposta das entidades públicas na promoção de Portugal nos mercados emergentes. Outro dos factores para este crescimento prende-se com o programa Autorização de Residência para Actividades de Investimento, conhecido como vistos gold, que permite a cidadãos fora da União Europeia obter uma autorização de residência em Portugal em troca de investimento, como a aquisição de imobiliário num valor mínimo de meio milhão de euros.
O sector do turismo contribuiu para a economia nacional no ano passado com receitas de 8578,3 milhões de euros, no período de Janeiro a Novembro, e gerou 20% do emprego líquido nacional registado nos últimos nove meses do ano. No cenário das exportações, o turismo representou 45,5% dos serviços exportados, 13,6% das exportações globais e valeu 5,8% do PIB gerado nos primeiros onze mezes de 2013.