A Ericeira pelos olhos de: João Franco ‘Lapina’

 

Fotografia: DR

 

Bilhete de Identidade

João Carlos de Almeida Franco (Lapina para os sô’primos)

Nascido a 11 de Julho de 1958 (61 anos) na Rua de Baixo (Norte da Ericeira) em pleno dia de nortada… e mar a montes.

Vive em Schaffhausen (Suiça) há 30 anos.

Trabalha no ramo alimentar/vinhos

A Ericeira é uma lufada de maresia

Na ponta do molhe do Porto de Pesca, com a Ericeira em pano de fundo.

A Ericeira é uma lufada de maresia, meu chão onde um dia vou findar, porto de abrigo para a minha nostalgia, lugar da minha estirpe e pitadas de sal e mar…

 

O que mais ama e menos gosta na Ericeira?

O que mais me fascina na minha terra são as gentes Jagozas genuínas e o nosso falar, o saber receber quem a visita e aqueles que resolveram para lá ir viver e construir as suas vidas… assim como a maneira como acarinham os seus filhos que, por diversas razões, se apartaram dela.

 

Quais são as suas principais preocupações no presente e para o futuro da Ericeira?

O presente e o futuro da Ericeira será sempre seguir o seu rumo. Pergunto se a rota será certa: eu penso que não… este desenfreado progresso e a especulação imobiliária fará com que as características da Ericeira de então… a que a minha geração e outras estávamos habituados… tendam a desvanecer-se, o que levará a minha terra para um mar mosso e sem vento favorável.

mesmo longe, trago o meu mar, a minha terra e as minhas gentes no peito

O que é ser Jagoz?

Muito já se escreveu e disse e, não querendo citar ilustres jagozes que descreveram tão bem o que é ser jagoz, vou eu tentá-lo pelas minhas humildes palavras: ser jagoz está dentro da nossa alma, é um sentimento de posse que nos leva a afirmar e pensar que esta terra é nossa por dádiva divina; é acordar e ter que ir às Ribas muito antes até de tomar o café da manhã… é sentir as batidas do mar como se as do nosso coração se tratassem… é falar a fala da nossa gente com um orgulho sui generis… é beber maresia… e ver um poente tão nosso ao fim de um dia.

 

Considera-se Jagoz?

Por isto tudo e mais ainda, considero-me Jagoz até à medula… e mesmo longe trago o meu mar, a minha terra e as minhas gentes no peito.