Criadores da Vila Azul – Rodrigo Lage

 

Fotografia: Carina Couto

 

Nome: Rodrigo Marcial Caseiro Lage

Data de nascimento: 20/04/1983

Profissão: Músico Militar

Residência: Mafra

Instrumento: Trombone de Varas

a Banda há 28 anos atrás era o nosso escape

Com que idade a música entrou na sua vida?

Com 9 anos de idade iniciei o processo de aprendizagem musical na Filarmónica Cultural Ericeira com os professores José António Freire e o seu irmão Carlos Freire. No início comecei, como todos, pelo solfejo «rezado» e em paralelo com a percussão, nessa altura recordo-me que iniciei e desisti umas cinco vezes, sendo que na última vez que ingressei foi no Trombone de Varas, pelo que fiquei até ao momento, seguindo carreira na música profissional.

 

Como começou o seu percurso na Banda Filarmónica da Ericeira?

Tal como disse anteriormente, deveu-se ao facto de o meu irmão José Lage ser músico clarinetista, desde os seus 7 anos.

Conte um pouco da sua história na Banda.

Desde os 12 anos que estou presente na FCE sem nunca ter desistido, apesar de por vezes não conseguir estar tão presente quanto gostaria, mas tenho participado sempre que possível, seja em peditórios, procissões ou concertos. A Banda há 28 anos atrás era o nosso «escape» para podermos passar um dia ou mais fora de casa a conhecer outras gentes e culturas, novas realidades que não a da nossa Vila.

Havia serviços muito complicados, onde tocávamos um dia inteiro, mas que eram sempre compensados pelo divertimento em conjunto com todos os músicos, pela alegria da partilha do que melhor sabíamos fazer, que era a nossa música, com o público em geral.

No meu tempo não havia videojogos como há hoje, muito menos tablets onde podemos ver o mundo em directo, por vezes existia apenas uma televisão a preto e branco para partilha de toda a família. Desta forma, tínhamos muito tempo para a filarmónica, onde éramos felizes quatro dias por semana das 17:30 até, por vezes, às 22:30.

A alegria começava no caminho para a nossa sede, no Salão Paroquial da Ericeira, quando íamos juntos a pé, eu, o Pedro Pereira (músico na Banda Sinfónica da GNR), a sua irmã Mafalda Pereira, o Cláudio Sousa e mais alguns que entraram mas entretanto desistiram da FCE. Nós morávamos perto da sede, mas parecia uma excursão de quilómetros, com as caixas dos instrumentos a bater nas pernas durante todo o percurso. Haveria imensas histórias para contar…

Rodrigo Lage pertence à banda de Rui Bandeira

O que o fez começar a dar aulas na Academia de Música?

Em 2018 tive a proposta para iniciar as funções de docente de Trombone de Varas na Academia no início da mesma. Desde então continuo a pertencer à Academia, quer como docente, quer como Director Pedagógico (desde o último ano), estando em consonância com a direcção Técnica e Artística para desenvolver e promover a Filarmónica dentro e fora de portas, tal como o nome da nossa Vila, por onde vamos.

 

Qual a sua relação com a Academia e com a Banda?

A Banda e a Academia, para mim, têm o mesmo propósito, apenas diferenciado pela qualidade elevada da escola, tendo um professor especializado em cada instrumento. Isto é uma sorte que não tive, apesar de ter sido realmente bem iniciado pelos meus professores da altura. Quando os superei significou que a mensagem foi totalmente passada e foi um óptimo serviço prestado por eles, mesmo quando não eram especializados no meu instrumento.

Neste momento o facto de termos um professor para cada instrumento eleva em muito a qualidade musical e artística da nossa Filarmónica.

O que destaca no seu percurso musical?

O que destaco no meu percurso musical e artístico é sem dúvida o ingresso no Conservatório Nacional em 1999 na classe do Professor Ismael Santos, tendo terminado o 7º grau; de seguida o ingresso na Banda de Música da Força Aérea Portuguesa, no ano de 2005, onde ingressei nos Quadros Permanentes em 2011 na Classe de Sargentos, sendo hoje 1º Sargento, e por fim a obtenção do Grau de Licenciado entre os anos de 2015/2018 na classe do Professor Hugo Assunção na Escola Superior de Música de Lisboa.

 

Está actualmente a trabalhar em algum projecto?

Além de ser músico executante em Trombone de Varas na Banda de Música da Força Aérea Portuguesa, tenho também alguns projectos onde colaboro, alguns mais recentes e outros nem tanto: destaco o facto de pertencer à banda do conceituado artista português Rui Bandeira, «BigGang Orquestra» e «Tributo Sai do Chão», em parceria com o ex-membro da FCE Amândio Filipe, «Simas e companhia Sonora», entre outros que surgem esporadicamente, tal como a gravação de álbuns musicais para diversos artistas do panorama musical português para a Editora «Pais Real».

 

Esta é a republicação dum artigo originalmente publicado no site da Filarmónica Cultural Ericeira, que por sua vez se inspirou nesta rubrica da AZUL – Ericeira Mag.