Criadores da Vila Azul: Nuno Inácio

 

Fotografia: Jérôme Arnouf

 

Cédula criativa

Nuno António Simões Inácio

Nascido na Rua da Fonte do Cabo, Ericeira, a 21 de Abril de 1977.  Nado e criado na Ericeira – sou um Jagoz de gema e com muito orgulho: a Ericeira é o meu local de eleição para estar e viver e para me sentir em verdadeira plenitude do ponto de vista artístico e criativo – é aqui que gosto de estar e encontro o meu respirar.

Dedico-me à música desde os 8 anos, quando entrei na Filarmónica da Ericeira. Passado um ano, não saí da Banda mas segui para uma formação mais séria no Conservatório de Torres Vedras, mais precisamente na Escola de Música Luís António Maldonado Rodrigues, que era a escola mais próxima que tínhamos para iniciar o curso equiparado ao Conservatório Nacional. Aí iniciei as aulas de flauta com o professor Ricardo Meira, a partir dos 9 anos.

Website: nunoinacioflute.com

a arte criativa musical é uma forma de expressão de tudo o que vai na alma do indivíduo

A Música é uma forma de expressão na sua essência, no sentido em que incorpora o indivíduo no seu máximo esplendor porque é uma libertação e uma forma de comunicação com uma plenitude que vai muito longe na profundidade e na expressão. A arte criativa musical é uma forma de expressão de tudo o que vai na alma do indivíduo. A minha manifestação artística em pleno, através da qual consigo despertar tudo o que me vai na alma, é a música através da flauta.

 

Quais são as tuas principais influências ou inspirações?

Existem aqui duas vertentes: uma humana e outra artística. Sou verdadeiramente inspirado por aquilo que considero valores elevados do humanismo a libertar e a comunicar a minha arte na comunicação plena daquilo que somos na nossa essência, que passa por este sentido humanístico e cívico – é indissociável. E as minhas influências têm a ver com este equilíbrio entre o ser antropológico social e o indivíduo artístico criativo – o que me influencia é tudo o que está à minha volta, tudo o que faz parte da minha vida e da minha vivência: o sítio onde moro, a minha belíssima e extraordinária terra – a Ericeira –, a minha esposa, a minha família… tudo isso me molda enquanto artista e comunicador de arte.

Destaques do percurso artístico e criativo

Ao longo da carreira, posso destacar a minha formação em Inglaterra. Depois de ter feito a licenciatura na Escola Superior de Música de Lisboa, tinha pela frente o desafio de prosseguir estudos no estrangeiro, numa escola ou com um professor que fosse máximo esplendor internacional. O professor Trevor Wye foi uma grande influência para mim naquela altura, quando tinha 20 anos – estudei com ele dois anos em Inglaterra e esse tempo foi extraordinariamente importante para mim. Outros professores que me influenciaram muito na formação académica e artística foram William Bennett (também em Londres, com quem fiz imensas masterclasses e cursos) e o primeiro flautista da orquestra de Paris, que se chama Viçens Prats, com quem tive imensas aulas. Foram três nomes que influenciaram muito a minha formação artística, que é verdadeiramente essencial na vida de um músico, que está permanentemente a estudar, a crescer e a melhorar – não se obtém um diploma e já está! Tem que existir uma formação continuada – e uma atitude de humildade constante faz com que este processo decorra de forma entusiástica.

Depois existem momentos artísticos performativos que também posso destacar: o primeiro prémio (L’UFAM, Paris) que recebi num concurso em França, em 1999, foi muito importante para mim; nesse mesmo ano, os prémios que recebi da RDP – Jovens Músicos da RDP e Jovem Solista do Ano –, ter ganho a audição pública e internacional para 1º flauta da Orquestra Metropolitana de Lisboa, em 2005. Estes foram todos momentos muito importantes, bem como uma série de destaques de imprensa e de sítios onde fui entrevistado, em variadíssimos contextos, como é o caso de três programas da RTP sobre mim, o mais recente emitido em Agosto pela RTP2 – estes destaques da imprensa acabam por ser importantes ao partilharem com o mundo o que fazemos ao longo do nosso percurso artístico, que é feito de bastante entrega, paixão e trabalho. Isto faz-me olhar para mim duma forma ainda mais humilde e querer crescer mais porque é uma tomada de responsabilidade.

este trata-se dum momento de preparação importantíssimo para uma temporada que terá um arranque muito exigente

Em que projectos estás a trabalhar?

Acabei agora de gravar um CD com orquestra, que vai sair no Natal. Neste momento estou a preparar o início da temporada 2020-2021, onde terei variadíssimas intervenções. Por exemplo, já agora em Setembro vou tocar a solo com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, em três concertos. Depois irei tocar no festival do Prémio Jovens Músicos com o Assemble Mediterraine, que é um ensemble que estimo muito. Tenho também alguns concertos fora do âmbito da Orquestra Metropolitana de Lisboa. Apesar de termos tido o confinamento e um mês de Agosto sem concertos, este trata-se dum momento de preparação importantíssimo para uma temporada que terá um arranque muito exigente. Em 2021 há um concerto na China, a participação numa convenção internacional em Málaga, Espanha, e espero gravar mais coisas relacionadas com repertório para flauta e piano do compositor Sérgio Azevedo.

 

Objectivos a médio e longo prazo

Continuar a crescer e fomentar a minha carreira a nível internacional, enquanto solista e flautista. Tenho sido convidado para várias convenções e para leccionar masterclasses em escolas internacionais, como a Escola Superior de Música da Catalunha, em Barcelona, ou a Escola Superior de Música e Dança de Colónia. Pretendo continuar este tipo de trabalho, a comunicar a minha arte e a ensinar, que é algo que me apaixona profundamente, nomeadamente na Academia Nacional Superior de Orquestra e na Escola Superior de Música de Lisboa, onde pretendo fomentar uma classe forte, bem instruída e artisticamente muito valiosa, que felizmente tem obtido resultados internacionais muito expressivos.

Estas áreas criativas são a tua profissão?

Esta é, felizmente, a minha profissão – é isto que me move e me faz feliz. Sou, acima de tudo, um indivíduo muito feliz porque faço o que amo.