Fotografias: José Guerra
Foi com uma prestação imperial que Vasco Ribeiro se sagrou hoje, em Ribeira d’Ilhas, campeão mundial júnior de surf da ASP. Numa final entre atletas lusófonos, foi o surfista de 19 anos quem levou a melhor ao bater por uns contundentes 18.63 pontos contra 12.77 pontos o brasileiro e seed 1 da competição Italo Ferreira.
Catorze anos depois de Tiago Pires ter alcançado o 2º lugar no mundial de juniores, Vasco Ribeiro traz para Portugal, e logo nos areais da Ericeira, um dos mais importantes troféus do calendário da Association of Surfing Professionals. O atleta de Cascais encerra com chave de ouro um ano em que também arrecadou os títulos nacional e europeu júnior.
“Quero agradecer a todos por este grande apoio”, disse visivelmente extasiado já no pódio. “Não tenho palavras para descrever este momento. Quero agradecer à minha família e a todos os que estiveram ao meu lado neste momento.”
Num último dia de competição com ondas a rondar o metro de altura e muita gente na praia, Vasco Ribeiro abriu a jornada rumo ao título com uma vitória segura sobre o havaiano Joshua Moniz, ainda na 4ª ronda. Nos quartos-de-final, fase em que o mar se mostrou um pouco abaixo do que se tinha apresentado manhã cedo, “Vasquinho” voltou a exibir muita segurança ao vencer Takumi Yasui, do Japão.
Nas meias-finais é que as coisas realmente aqueceram, já que Vasco Ribeiro encontrou pela frente um inspirado Deivid Silva. O brasileiro, actual campeão júnior sul-americano, obrigou o português a trabalhos redobrados e só na última onda do heat é que este carimbou a passagem para a final, ao esmiuçar uma onda de inside que lhe valeu 8.67 pontos.
Já com três batalhas no corpo, Vasco Ribeiro entrou para a final com a dura tarefa de vencer o brasileiro Italo Ferreira, o grande favorito à vitória. Só que o português, certamente galvanizado pelo incessante apoio do público, teve uma performance irrepreensível e nunca esteve com o primeiro lugar em perigo. Com uma onda de 9 pontos e outra de 9.63, o surfista encerrou as contas do título com um somatório de 18.63 pontos, a segunda maior pontuação de toda a prova.
TOMÁS FERNANDES NO PÓDIO
Para além de Vasco Ribeiro, Portugal teve ainda outro surfista no pódio. Tomás Fernandes, atleta da Ericeira, alcançou as meias-finais, e a medalha de bronze, e só não atingiu a final por uma escassa diferença de pontos.
O surfista de 19 anos, muito apoiado pelas gentes da Ericeira presentes na praia, começou o dia a eliminar nos quartos-de-final o australiano Soli Bailey. Entrou confiante, concentrado e mostrou que em Ribeira d’Ilhas muito dificilmente o ultrapassam em competição.
Contudo, a sorte não esteve do seu lado no heat que o opôs a Italo Ferreira. Esboçando um surf extremamente afiado, Tomás Fernandes deu luta até ao fim da bateria e, na última onda, conseguiu mesmo um 9.17. Porém, foi insuficiente para derrotar o brasileiro que, também na sua última onda, conseguiu pontuação suficiente para seguir em frente. 16.50 pontos contra 16.80 nas contas finais e, como prémio de consolação, um bilhete de entrada directa nos eventos Prime do WQS da próxima temporada.
“Agradeço imenso pelo apoio a toda a gente que aqui veio. Não fui eu que alcancei o terceiro lugar, fomos todos nós, e sem este apoio certamente não era a mesma coisa”, disse Tomás Fernandes à AZUL.
TÍTULO FEMININO PARA O HAVAI
Mas o último dia de prova não foi só dos rapazes. Mahina Maeda, surfista havaiana que derrotou Teresa Bonvalot nos quartos-de-final, foi coroada a nova campeã mundial de juniores, sucedendo à neo-zelandesa Ella Williams.
A atleta de 16 anos, uma das principais favoritas à vitória, começou o dia com uma vitória segura nas meias-finais frente à australiana Bronte Macaulay (seed 2). Mais tarde, haveria de ver Tessa Thyssen, de Guadalupe, a vencer Chelsea Tuach, dos Barbados, garantindo um lugar na final.
No derradeiro embate, Maeda esteve em desvantagem durante largos minutos, mas bastaram-lhe duas ondas seguidas para conseguir dar outro rumo aos acontecimentos. Nas contas decisivas de uma final emocionante, a havaiana somou 13.87 pontos face aos 13.17 de Thyssen.
Com os principais títulos entregues naquele que foi o regresso de Ribeira d’Ilhas aos grandes palcos do surf mundial, nota ainda para o tahitiano Mateia Hiquily pelo prémio de melhor score de todo o campeonato – 18.80 pontos na ronda 4 perante o australiano Kai Hing.