Valadão rima com campeão

Filipe Valadão

 

Texto: Hugo Rocha Pereira | Fotografia: Mauro Mota

 

Filipe Valadão sagrou-se campeão de surf open do Circuito Allianz Ericeira Billabong 2013, organizado pelo Ericeira Surf Clube (ESC), após uma etapa final apoteótica, quer pelas excelentes condições da prova (com ondas perfeitas de um metro em Ribeira d’Ilhas), quer pela incerteza na discussão dos primeiros lugares do ranking. O atleta jagoz conseguiu, assim, um feito que procurava alcançar há dez anos, quando tinha conquistado o título júnior deste mesmo circuito. Oportunidade perfeita para uma pequena conversa com o surfista que é também um dos professores da Tiago Pires Surf School.

 

O que significa para ti ganhares este circuito?

Tem um significado especial, claro. É um grande orgulho, visto ser um circuito com a maioria dos meus amigos, companheiros de muitas surfadas. É óbvio que quero sempre ser eu a ganhar, mas só apareceu agora, e mais vale tarde que nunca! Cresci nesta terra e vi muitos títulos do ESC serem entregues a surfistas (amigos) que sempre admirei e me inspiraram. Agora ser eu a vencer foi uma sensação muito boa. Passaram dez anos desde que fui campeão de júniores neste circuito e finalmente agora venci também a categoria open.

 

Sentiste muita pressão na final da última etapa, em que apenas nos últimos minutos conseguiste a pontuação que te deu a liderança do heat?

Senti muita pressão na meia-final, pois não estava a encontrar ondas boas e sabia que tinha de ficar pelo menos em 3º lugar para ser campeão. Na final entrei descontraído porque o título estava praticamente conquistado, mas no decorrer da final fui ficando nervoso porque vi o Ricardo Pires a apanhar ondas, sendo que se ele ganhasse e eu ficasse em 4º lugar já não era campeão. E como não se conseguiam ouvir as notas, tive a sensação que era o que estava mesmo a acontecer. Contudo, nos últimos minutos o Pedro Rua deixou-me arrancar numa onda linda (por respeito aos mais velhos) e quando a terminei de surfar pensei que já não devia estar em último lugar, voltando assim a ficar mais calmo. Depois da longa remada de volta ao pico, o “Ricardinho” arranca na primeira onda do set, deixando-me assim sozinho e com a possibilidade de apanhar a que vinha a seguir. Nesta tentei dar o meu melhor e só pensava que não podia cair. Consegui completar a onda sem cair, obtendo assim a vitória, mas só quando saí da água é que soube o resultado.

 

O Pedro Rua deixou-me arrancar numa onda linda (por respeito aos mais velhos) e quando a terminei de surfar pensei que já não devia estar em último. 

 

O circuito do ESC contou com surfistas de alto nível, como o Eric Rebiere ou o John Junior. Sentes que isso puxou pelo teu surf?

O circuito da ESC sempre contou com este tipo de surfistas, não é novidade. Costumam entrar sobretudo pela qualidade das ondas e este ano tivemos etapas com condições excelentes. É óbvio que quando competes contra este tipo de surfistas tens de estar no teu melhor, mas mesmo assim é complicado, pois são atletas com um nível superior de surf. Contudo, fico contente por este tipo de surfistas entrarem no circuito, principalmente pelos mais novos, que assim têm a possibilidade de ver bom surf ao vivo e aprender mais. Se eles corressem o circuito na íntegra, esta entrevista provavelmente não estaria a acontecer comigo, pois as contas do título eram muito mais difíceis.

 

Que planos ou objectivos ao nível da competição tens para os próximos tempos?

Os meus objetivos de competição neste momento passam essencialmente pela formação. Sou um dos professores da Tiago Pires Surf School e tento passar para os mais novos as experiências que vivi nos últimos anos através dos muitos campeonatos que fiz. A nível nacional já “pendurei a licra”, a vida já não permite essas ocupações! Agora tenho de cuidar da família, contentando-me assim com a participação no circuito do ESC.

Filipe Valadão no Pico do Futuro. - ph. Arquivo Filipe Valadão

Filipe Valadão no Pico do Futuro. – ph. Arquivo Filipe Valadão

A subir as escadas da glória. - ph. Mauro Mota

A subir as escadas da glória. – ph. Mauro Mota

Valadão em Bali, Indonésia. - ph. Arquivo Filipe Valadão

Valadão em Bali, Indonésia. – ph. Arquivo Filipe Valadão