Texto: Hugo Rocha Pereira | Fotografia: DR
Após vários anos como vocalista e guitarrista do colectivo Todos Santos, Tiago Ferreira lançou o seu primeiro álbum a solo (tanto no que toca à composição como à gravação dos instrumentos) há pouco mais de um mês. Fruto de uma gestação prolongada, “A Vida Aqui É Infinitamente Afável” apresenta dez temas dominados pelo rock, a pop e a folk, existindo ainda espaço para uma faixa escondida e uma “Madrugada” electrónica. Tiago começa por partilhar que parte da inspiração lhe chega da praia e da noite ericeirenses, terminando a entrevista a explicar a história contada em “Isto Tem de Acabar”.
És da Malveira, mas também passas bastante tempo na Ericeira: de que forma estes dois locais influenciam a tua música?
O que me influencia realmente é o quotidiano. É porreiro estar na Malveira e ao mesmo tempo, se me apetecer, faço uma temporada na Ericeira. Tenho amigos em ambos os locais, com diversos estilos musicais e isso é uma mais-valia que me ajuda a compor canções. Inspiro-me na praia e na noite da vila. Para gravar, prefiro o campo.
O álbum foi todo composto e gravado por ti?
Sim. Foi todo composto e gravado por mim (instrumentos e vários VSTs), no sótão, entre 2009 e 2011. A mistura final, ficou a cargo do meu vizinho TH.
De onde vem o título “A Vida Aqui É Infinitamente Afável”?
Vem de um livro de contos imaginários. Aqueles livros de bolso que vinham grátis com o jornal de domingo. Gostei da frase e identifiquei-me com aquilo.
Acerto ou erro se disser que o amor, a má vida e o desalento são temas predominantes neste trabalho?
Acertas, são coisas que fazem parte das nossas vidas.
O que me influencia realmente é o quotidiano.
O álbum é dominado pelo rock, a pop e a folk, mas ainda tem espaço para uma “Madrugada” electrónica…
A “Madrugada” é muito experimental e influenciada pela electrónica, um beat com efeitos e sintetizadores a “passear” pela música toda. E o melhor é que ninguém percebe a conversa de fundo.
Todas as músicas são originais ou algumas já vinham dos teus tempos em Todos Santos?
São originais que vinham lado a lado com Todos Santos e “O preço do vento”. Por um motivo ou outro não tocávamos certas músicas e acabei por mostrá-las agora, em nome próprio.
Todos Santos é um projecto que continua activo?
Todos Santos estão num retiro de meditação. Temos um EP de cinco músicas a ser misturado e masterizado. Quando houver novidades, nós aparecemos.
Tocaste no Barzinho de Ribamar e no Lebre (Ericeira) ainda antes de o disco ter sido lançado. Como correram esses concertos?
Foram concertos experimentais, com teclados, guitarras e efeitos nas vozes. Não é a mesma coisa que ter uma banda a tocar, mas dá para variar e tocar as músicas com arranjos diferentes. Aqui sou suspeito, as pessoas dizem sempre que gostaram.
Pensas contar com outros músicos a acompanhar-te em palco em próximas datas?
Sim, estou à procura de músicos. A ideia é ter uma banda suporte e já existem aquisições. Se mesmo assim não resultar, sou eu e a guitarra.
Qual é a história contada em “Isto Tem de Acabar”?
“Isto Tem de Acabar” fala de uma ruptura amorosa e de como o amor e os excessos estão ligados entre si. A luta entre um amor frustrado e uma embriaguez entusiasmante.