Fotografia: Smart Vision
Os pescadores da Ericeira apelaram ontem para que se faça uma intervenção urgente no porto de pesca, depois dos estragos causados pela passagem da tempestade Hércules, no início da semana. As ondas arrancaram do molhe blocos de pedra de meia tonelada e os pescadores temem que a sua actividade fique irremediavelmente comprometida, se vier um mar semelhante.
João Dias, do “Pérola da Ericeira”, disse à agência Lusa que a tempestade “danificou bastante” o porto, principalmente no molhe quebra-mar que ajuda a manter os barcos atracados em segurança. A questão é que os estragos provocados pelo temporal desta segunda-feira aumentam a ondulação dentro do porto e reduzem as condições de segurança das embarcações, aumentando o risco de acidentes. Nas obras que terminaram em 2011, em que foram investidos 11 milhões de euros, tinham sido realizados trabalhos de consolidação e ampliação do molhe norte (pontão), protegendo a vila do avanço do mar no Inverno e ajudando os pescadores a saírem do porto com maior segurança.
Agora, se nada for feito, todo esse investimento poderá ter sido em vão, como refere à Lusa João Carlos Pereira, proprietário do Kikas1, uma das seis embarcações que sofreram estragos com o Hércules e que, neste caso, poderá não voltar ao mar. “Esta vai ficar sem ir ao mar nem sei quanto tempo. Está tudo destruído. Estou à espera que venha o perito do seguro fazer a avaliação do prejuízo. Isto parecia um tsunami, com embarcações a nadar à deriva e com o cais com uma altura de água de dois metros. Salvo erro, em 1967, vi algo parecido, mas desta vez foi pior”, afirmou o pescador de 52 anos.