Fotografia: AZUL
“Um sítio com cães de guarda acorrentados, montes de tijolos, de azulejos e blocos de mármore. A avenida de eucaliptos plantados por Vic e Paula já não existe e a própria relva foi reduzida a pó com o movimento constante dos camiões pesados. Salva-se a residência, bem conservada no seu aspecto delicado, painéis de azulejos e pormenores arquitectónicos que lembram Macau nos confins do Império.” – assim descrevia John McEwen, em 2008, o estado da outrora deslumbrante Quinta Figueiroa Rego no livro “Behind the Scenes”, dedicado a Paula Rego.
(Este seria o espaço ideal para perpetuar a vida e obra de Paula Rego, que aqui viveu vários anos, passando momentos felizes entre família e amigos e pintando na adega da propriedade obras que integram um percurso ímpar no mundo artístico – num mundo perfeito, aqui estaria um museu e um jardim dedicado à maior pintora portuguesa viva)
Volvida quase uma década, o cenário não se alterou substancialmente: embora sem se vislumbrarem camiões pesados, cães acorrentados, montes de tijolos ou blocos de mármore… um supermercado Continente Bom Dia, inaugurado no final de 2016, tapa a vista para a residência, entretanto transformada em hostel e que permanece um oásis neste deserto de visão cultural (e estratégica) e ordenamento urbanístico.
Esta publicação também está disponível em | This article is also available in: Inglês
