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Gabriel Ribeiro regressou recentemente do Havai, onde se esteve a preparar para a época competitiva que se avizinha.
O jovem atleta da Ericeira fez um balanço muito positivo da sua segunda temporada na “Meca do surf mundial” – onde se tinha estreado no ano anterior –, principalmente ao nível da evolução psicológica em ondas de reais consequências partilhadas com um crowd feroz.
O vice-campeão nacional de Sub-18 surfou durante um mês em ondas como Pipeline ou Sunset, aprendendo novas competências e aperfeiçoando o seu nível de surf em ondas que obrigam qualquer surfista a puxar pelos limites.
Surfar no Havai é um excelente treino não só a nível técnico mas principalmente psicológico
Foram diversos os picos da ilha de Oahu que lhe ofereceram diferentes condições de treino: além de Pipeline ou Sunset Beach, esteve em Off the Wall, Rocky Point, Velzyland, Ehukau Beach Park, Gas Chambers, Backyards ou Makaha, este na costa Oeste da ilha, onde surfou quando entrou uma ondulação gigante.
Os objectivos de Gabriel Ribeiro passavam principalmente por melhorar o seu nível de surf em ondas grandes dando prioridade à vertente psicológica ao treinar a sua autonomia em condições pesadas.
“Surfar nas ondas do Havai é um excelente treino não só a nível técnico mas principalmente a nível psicológico”, afirmou o jovem de 17 anos. “É um local maravilhoso com ondas de qualidade mundial que obrigou a puxar por mim em diversos aspectos. Estar sozinho e fora da minha zona de conforto fortaleceu-me a nível mental”, salientou.
Habituado também a ondas de classe mundial em frente a sua casa, na Ericeira, Gabriel sentiu o poder e a intensidade das ondas havaianas de uma forma especial. “Em Pipeline e Sunset Beach a força das ondas é incrível. É muito selvagem. E isso obrigou-me a ser mais forte a nível psicológico apesar do mar, por vezes, ter estado assustador”, admitiu.
Em termos de competição, esta segunda presença no Havai ficou também marcada pela sua estreia numa prova do circuito mundial de qualificação da World Surf League. O surfista da Ericeira participou no evento QS1000 Sunset Open. “As ondas estavam com 2 metros. Apesar de ter perdido no primeiro heat a apenas 0,45 pontos do segundo classificado, que daria passagem à segunda ronda, foi uma experiência positiva de aprendizagem. Só aquela ansiedade e ter de gerir tudo sozinho num ambiente completamente novo e imprevisível fez-me ver o surf com um olhar diferente”, explicou.
naquele ambiente super competitivo fazer free surf é muito difícil
Pelo lado mais desafiante, além do tamanho e força das ondas, Gabriel Ribeiro destaca o crowd que tornou muito difícil fazer muitas ondas por sessão. No entanto, é algo que qualquer surfista é obrigado a habituar-se no Havai. “Este ano fui durante o QS1000 em Sunset e o QS 5000 em Pipeline, o Volcom Pipe Pro. O nível dentro de água nas sessões de surf estava muito alto. Tive de trabalhar a vertente psicológica a surfar naquele ambiente super competitivo onde fazer free surf é muito difícil, principalmente, em Pipeline”, referiu.
“Antes do Gabriel partir para o Havai, os treinos passaram por fazê-lo sair da zona de conforto tanto nos locais de treino, surfando diferentes ondas, como também no “approach” à onda e a cada manobra”, explicou o seu treinador, Manuel Gameiro. “O objectivo passou por ser consistente em colocar manobras fortes nas zonas críticas da onda, aproveitando da melhor forma cada secção para pontuar, adequando a manobra correcta à secção variando o máximo possível. A ida ao Havai serviu para dar continuidade a este trabalho. Mas, desta vez, de forma mais autónoma e num local com mais nível onde tudo é mais difícil dentro de água, não só pelas ondas, mas também pelo crowd, tendo o Gabriel que tirar o máximo partido de cada onda que surfasse”, concluiu.
Em 2020, Gabriel Ribeiro (que esteve desde muito cedo na linha da frente dos surfistas nacionais da sua geração) irá fazer o seu último ano como júnior. Do seu currículo, além do título de vice-campeão nacional de Sub-18, fazem parte o título de bicampeão da Taça de Portugal de Surfing na categoria júnior e vice-campeão em juvenil na mesma competição e dois títulos de vice-campeão nacional de Sub-16.
Depois desta pré-temporada desafiante em jeito de preparação para as provas nacionais e europeias, Gabriel está focado em vários objectivos para 2020. “Uma vez que é a minha última época na categoria júnior vou dar o máximo para conquistar o título nacional de Sub-18 e terminar o ano no top 5 europeu. Também vou procurar obter bons resultados na Liga MEO e fazer alguns heats no QS para ganhar experiência”, finalizou.