Texto: Paulo Galvão | Fotografia: AZUL
Para Vera Barata, que há pouco mais de um mês abriu uma loja na Rua do Caldeira, esta é uma oportunidade preciosa para dar a conhecer os seus produtos feitos à mão, fintando, nesta fase, o facto de a sua loja se encontrar numa rua um pouco mais escondida. A D’Algodão é uma das 14 bancas que animam os fins-de-semana de Junho no “Jogo da Bola”, no centro da Ericeira. Mais a norte, em São Sebastião, estão instaladas outras cinco barraquinhas azuis e brancas.
Nesta feira semanal, criada no âmbito dos Santos Populares Jagoz, podemos encontrar de tudo um pouco. É o caso da banca que está em frente à Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva, que é partilhada por duas lojas vizinhas: o Café Paloma, que vende um irresistível pão saloio, com e sem chouriço e, na outra metade, a Magic Quiver, que apresenta a cerveja made in Ericeira Mean Sardine.
Subindo a rua em direcção ao centro, deparamo-nos com uma série de outros postos de venda, como o do Vira-Latas, que desperta a curiosidade dos visitantes menos informados sobre a variedade e qualidade das nossas conservas, que são também hoje um presente apetecível. Mesmo ao lado, uma novidade da Casa Portuguesa, aqui representada com o seu mais recente produto, o Portuguesinho, que é uma mistura de pastel de nata com doce conventual, e que está já a ser um sucesso.
Segue-se uma banca de variedades vintage, como o restaurador Olex e o sabonete Feno de Portugal. Trata-se do posto da Casa Bernardino, a mais antiga drogaria da Ericeira, datada de 1893, e que surge nesta feira como uma espécie de escola/museu, onde os pais ensinam aos filhos o que é um picador manual de carne ou uma panela de ferro.
Encostada à esplanada do Café Central está também um clássico da Ericeira com 52 anos de existência. É a Loja Paulimar, aqui representada pelo proprietário Paulo Renato, neto da “Rosa das Rendas”, que vendia rendas de bilros a quem vinha a banhos à Ericeira, primeiro na praia e mais tarde na Calçada da Baleia. É uma das bancas mais visitadas e fotografadas, também por não ser comum encontrar um homem a bordar lenços e toalhas. “Para mim isto não é vergonha nenhuma, porque desde muito cedo que assisti ao trabalho dos homens da Póvoa do Varzim. São eles que tricotam as camisolas e as meias de Inverno. Não há motivo nenhum para ter vergonha”, diz.
Na banca ao lado, clássicos da literatura, discos em segunda mão, rádios vintage e demais aparelhos de outros tempos, directamente da Loja 9A para os amantes de velharias.
Uma das bancas mais concorridas é a da Fernanda “Repolha”, conhecida peixeira da Ericeira.
Apesar do Sol abrasador, a praia parece não retirar freguesia a este mercado. As vendas, dizem, têm corrido bem e estas iniciativas acabam por transformar um simples fim-de-semana de início de Junho num típico dia concorrido do mês de Agosto, tal é a quantidade de turistas e visitantes. Uma das bancas mais concorridas é a da Fernanda “Repolha”, conhecida peixeira da Ericeira, que em pleno “Jogo da Bola” vende belíssimos e frescos ouriços-do-mar e percebes de aspecto imbatível. Da parte da tarde, esta mesma banca transforma-se e passa a ser ocupada pela Comissão de Festas da Nossa Senhora da Boa Viagem, onde são vendidos tremoços, pevides e amendoins, entre outros petiscos.
Do lado oposto, em frente ao Pão da Vila, estabelece-se um recorde no número de ocupantes para apenas uma banca: quatro, divididos pelos Santos de Luz, artesanato colorido made in Ericeira; Cestos Gulosos, que oferecem uma grande variedade de cestos decorados; a Beny’s – almofadas de praia decoradas – e, por fim, Maria Silveira Ramos, que expõe bijutaria e porta-chaves, para além da novidade Car Trash, um saco que, colocado no manípulo das mudanças, pode transportar garrafas de água, o telemóvel, ou lixo.
Com mais um fim-de-semana a caminho, aconselhamos uma visita a este mercado de rua, que todos os comerciantes gostariam de ver prolongar-se.