Texto: João Franco ‘Lapina’ | Fotografia: Nuno Vicente
Este é o segundo poema que partilhamos, entre tantos outros que João Franco tem publicado: com maresia transbordante, nos seus versos encontra-se muita da intemporal alma jagoza. Uma genuína tempestade de emoções que coloca em palavras o que muitos sentem mas não conseguem expressar.
O meu mar está irado!
Leva tudo à sua frente
Solta espuma, danado
Mexe a alma da gente
E vem à praia buscar!
Espaço que já foi seu
Reivindicar esse lugar
Que a natura lhe deu!
Até mudou a sua cor!
De tom azul para breu
A terra gemeu de dor
E chorou o negro céu!
Fustiga ondas de sal!
Contra falésias nuas
Lambe a orla, o areal!
E engole vielas e ruas
O mar lindo amainou!
Voltou pr’ó seu lugar!
O homem tolo julgou
Que o poderia domar
E nada nem ninguém
Detém mar, desfeito!
Não façam desdém!
Tenham-lhe respeito