‘Malveirão’: “A Ericeira é o Havai português”

 

Fotografia: DR

 

Diogo ‘Malveirão’ Líberal tem 31 anos e é proveniente do Guincho. Cozinheiro de profissão, este bodyboarder nas horas vagas granjeou uma reputação nacional por ser um soul surfer que corre atrás das slabs [ondas pesadas em fundo rochoso] mais incríveis ao longo do litoral português.

‘Malveirão’ tem uma relação especial com a Ericeira, especialmente a Cave. Diz que esta é a sua segunda casa. Não raras vezes é visto a surfar os picos mais recônditos da vila quando o mar se apresenta corpulento, o que lhe dá alguma visibilidade quando os fotógrafos também seguem o rasto das ondulações.

Há sensivelmente dois meses, Malveirão lançou “Fishing Waves”, um perfil videográfico pessoal onde relata as suas paixões e experiências de vida ligadas ao mar. Entre as imagens estão impressionantes momentos vividos na Ericeira.

Para acompanhar a apresentação, Malveirão contou à AZUL, em primeira pessoa, a relação que tem com a vila e, especialmente, com a Cave.


“A primeira vez que fui à Ericeira foi no Verão de 1997. Lembro-me perfeitamente da minha estreia a surfar aí. Foi uma experiência inesquecível. Surfei em Ribeira d’Ilhas e fiquei encantado com essa terra desde esse momento. Apesar de não estarem grandes condições – metro e meio e algum vento norte –, como era muito novo marcou-me para sempre.

O que me atrai nas ondas da Ericeira é a quantidade de picos que aguentam com vários tamanhos de ondulação e que apresentam tão grande variedade de ondas em tão curto espaço de costa. É uma visão brutal quando o mar está perfeito ver esses picos todos a partir ao mesmo tempo. Para mim é o Havai português.

A minha onda preferida da Ericeira é a Pedra Branca, talvez pela quantidade de dias de ondas boas que por lá já apanhei. Recordações que guardo na memória.

O que me faz ser tão apaixonado por ondas pesadas e ocas é a adrenalina e o prazer que consigo tirar desse tipo de ondas, e que não consigo tirar noutro tipo de mar. A relação que tenho com a Cave é de amor-ódio. Já ali apanhei dias incríveis, mas também já lá me magoei muito. Acho que é a onda portuguesa mais incrível de se observar de dentro de água. É inexplicável a visão que se tem a remar no canal, mas também tem a outra face da moeda, que é ser muito perigosa e nunca saber se ela vai secar no inside ou não.

Já apanhei vários sustos ao longo da minha vida, mas o maior talvez tenha sido na Cave, quando fiquei colado à pedra em seco e rachei o cóccix. Fiquei cerca de três meses sem surfar.

Portugal tem ondas incríveis. E a Cave é uma das ondas mais espectaculares. É excelente para a exposição do bodyboard português.”

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