Luís Guerreiro: “Vamos jazzando e bebendo um copo”

Luis Guerreiro da Blackbird. - ph. DR

 

Fotografia: DR

 

Jazz@Copo é um conceito criado pela empresa Blackbird, de Luís e Telma Guerreiro, com o objectivo de promover os artistas portugueses de jazz e fusão pelo país, numa altura em que a cultura é dos elos fracos do financiamento estatal.

Luis Guerreiro, um apaixonado por música jazz desde miúdo, e que expressa esse sentimento pela trompete, decidiu lançar o projecto para mostrar “de forma digna a arte em geral” em espaços adequados à estética e vibração decorrentes destes géneros musicais. A primeira edição arranca hoje no wine bar Vira Copos e no bar-café Hemingway’s, ambos localizados na Ericeira, por oferecerem diferentes condições para os espectáculos, abrindo a porta a actuações distintas, de acordo com o ambiente que proporcionam.

O gestor da Blackbird espera mudar a perspectiva dos portugueses em relação à cultura e aos artistas e tem em vista alargar o jazz@copo a outras cidades do país. Segue-se Faro, mas a Ericeira será sempre paragem obrigatória.

 

BLACKBIRD

“A Blackbird é uma empresa instalada em Mafra, Faro e Évora, que se dedica a 3 áreas: Consultoria de Gestão; Desenvolvimento Pessoal, através de Psicologia e Terapia Transpessoal; e Desenvolvimento Artístico, promovendo as artes e artistas, onde se insere a iniciativa do jazz@copo. A Blackbird é representada por dois rostos: Luis Guerreiro e a Telma Guerreiro.”

 

FUNDAÇÃO

“O jazz@copo é uma ideia nossa, já antiga, que foi sendo discutida e amadurecida ao longo do tempo e à qual agora resolvemos dar forma. Sou consultor de gestão e músico desde miúdo, um autodidacta na área do jazz e fusão, e a Telma é Psicóloga e muito interessada em matérias relacionadas com a gestão de processos criativos. Somos observadores críticos relativamente ao estado da cultura em Portugal e resolvemos tentar fazer qualquer coisa diferente para promover de forma digna a arte em geral, e os músicos e a música em particular, tentando optimizar da melhor forma um conjunto de recursos já existentes.”

 

JAZZ

“É a área em que nos movemos, que gostamos e onde possuímos uma boa rede de músicos e amigos. Contudo, por definição, o jazz é muito abrangente. Pretendemos trazer desde o jazz mais clássico à musica improvisada e à fusão. Achámos que a designação jazz seria a que melhor definiria os ambientes que pretendemos levar para o jazz@copo.”

Somos observadores críticos do estado da cultura em Portugal e resolvemos fazer qualquer coisa diferente para promover a arte em geral.

IMPACTO

“O jazz@copo é uma iniciativa que visa a criação de parcerias que promovam a partilha de experiências artísticas, com a missão de promover concertos de música jazz, improvisada e de fusão, baseando-se num conceito de arte livre. Os concertos serão desenvolvidos em parceria com espaços que promovam o respeito pelo artista e pela arte. O nosso papel é, através de um modelo de gestão singular, mas simples, tentar contornar os constrangimentos identificados, potenciando os recursos já existentes, com o objectivo de levar a arte em geral, e os músicos portugueses em particular, a um maior número de pessoas, de forma livre e se possível, no final, com um bom retorno para todas as partes. Sabemos que vamos enfrentar alguns preconceitos, mas esse é justamente o desafio.”

 

COMPENSAR OS ARTISTAS

“Aqui entra o conceito da arte livre. Sendo a arte livre, consideramos que o contributo do público com vista à remuneração dos músicos e da organização deverá ser livre também. Isto é, cada espectador contribuirá com o valor que puder e quiser dar, face ao retorno que a experiência lhe proporcionou. Teremos no local do concerto um objecto onde o público poderá deixar de forma livre o seu contributo. Teremos também à venda CD’s dos músicos que vão participar no jazz@copo. Comprando um CD, o contributo está a ir directamente para o músico também. Neste processo, ao eliminar a distribuição, os preços dos CD’s serão mais acessíveis para o público e trarão um maior retorno para os músicos. Este é o desafio central desta iniciativa.”

 

DOIS ESPECTÁCULOS, DOIS LOCAIS NA ERICEIRA

“A coordenação dos dois espectáculos em dois locais diferentes é fácil. Os espaços são muito perto um do outro e os concertos são essencialmente acústicos, com pequena logística, não só pela dimensão dos próprios espaços como também pelo conceito estilístico. Cada sessão durará sensivelmente 1 hora. A primeira sessão inicia-se às 18:30 no Vira Copos e termina às 19:45h. A segunda começa às 21:30 no Hemingway’s e termina às 22:45h. Vamos ser rigorosos com os horários. Queremos tentar contrariar o hábito lusitano dos atrasos (risos).”

 

DESTINOS E FUTURO

“O conceito jazz@copo está pensado para ser replicado em todo o país, baseado num conceito de rede e roteiros turísticos. Nasceu na Ericeira porque vivemos em Mafra há cinco anos e gostamos muito de Mafra e da Ericeira, do seu espírito e das suas gentes. Achámos que fazia todo o sentido iniciarmos aqui. De futuro, temos muitas ideias e um plano de acção já desenhado, mas queremos ver primeiro como corre aqui. Se correr bem é para continuar na Ericeira, claro. Quem sabe até com outras iniciativas complementares que já temos em mente. A segunda cidade a receber o jazz@copo será Faro, certamente. É outro lugar muito especial para nós. Depois vamos caminhando, jazzando e bebendo um copo.”

Músicos da 1ª edição do jazz@copo na Ericeira. - ph. DR

Músicos da 1ª edição do jazz@copo na Ericeira. – ph. DR