Fotografia: DR
Arranca hoje a 10ª edição do Portuguese Surf Film Festival (PSFF), que traz à Reserva Mundial de Surf da Ericeira o melhor do cinema internacional inspirado por esta modalidade desportiva. Será uma histórica, com 10 dias de duração e os bilhetes já se encontram disponíveis.
A AZUL – Ericeira Mag quis saber mais sobre esta edição do evento e esteve à conversa com a Directora Executiva do Festival, Susana Andrade, que revelou alguns detalhes e novidades, acrescentando, ainda, os filmes que, na sua opinião, se revelam absolutamente imperdíveis nos próximos dias.
Sendo esta a comemoração do 10º aniversário do Portuguese Surf Film Festival, que novidades merecem destaque por parte da organização
Esta é a 10ª edição, o que é uma celebração de todos. A organização está muito orgulhosa pelo facto de ter merecido o apoio da Câmara Municipal de Mafra desde o início, apoio este que tem sido sempre de uma forma muito consistente e com grande vontade de co-produzir juntamente com a Mind Act o festival que traz à Ericeira o melhor do cinema internacional de surf. Um festival que é hoje visto a nível internacional como um dos mais antigos dentro deste nicho, um festival de referência. Portanto, 10 anos é um marco de comemoração. Tendo em conta que estamos ainda a viver um período de pandemia, as nossas expectativas de criar uma festa que vão para além de apresentar em pessoa e presencialmente o nosso programa, podem ser expectativas um pouco ambiciosas demais. Estamos ainda num período de contingência, mas conseguimos este ano voltar a estar no palco e voltar a estar de forma presente, desta feita no parque de Santa Marta, que é também algo de diferente para este 10º aniversário. Estamos ao ar livre, estamos perto do mar e estamos no centro da Ericeira, num recinto que foi desenhado para aquilo para que vai ser utilizado, receber pessoas para apresentar esta festa do cinema de surf.
um festival que é hoje visto a nível internacional como um dos mais antigos dentro deste nicho
O festival comemora a sua 10ª edição na única Reserva Mundial de Surf da Europa, que também comemora o 10º aniversário desde a sua consagração. Terá, assim, esta edição do PSFF um significado especial?
A cerimónia de consagração da Ericeira como Reserva Mundial de Surf foi uma marco de valor inquestionável para a comunidade. Na altura tinha co-produzido um filme que viria a ganhar o British Surf Film Festival e estava como convidada a apresentar esse filme. Vinha já preparada na altura para falar com a Câmara sobre aquilo que tinha vindo a pensar, que devíamos lançar um festival também em Portugal e só podia ser mesmo na Ericeira. Numa altura em que a Ericeira ganha este título honorário, faria todo o sentido estender a este programa de celebração do surf, nesta meca na Europa, um evento que traz o lado mais cultural do surf. Portanto, quando referi o projecto precisamente no dia da consagração a reacção foi muito positiva. “And the rest is history…” Tem sido, de facto, muito especial o acompanhamento da evolução da Reserva e a evolução daquilo que é o programa de celebração do 10º aniversário da Reserva Mundial de Surf com um evento que também ele tem esta componente de sustentabilidade e preservação daquilo que é mais autêntico. Portanto, para nós, estar, também, a celebrar os 10 anos é um momento muito único e especial.
este evento também tem uma componente de sustentabilidade e preservação
Tendo em conta que esta será uma edição presencial, quais as medidas preventivas da Covid 19 implementadas pela organização? O público pode sentir-se em segurança?
As pessoas terão que usar máscara. No local do evento existirão lugares com cadeiras, marcados. As pessoas deverão permanecer sentadas. Não se poderão juntar as cadeiras que estão em pontos específicos. Em suma, deverão desinfectar as mãos, permanecer sentados, salvaguardar as distâncias de segurança. Os bilhetes são electrónicos e portanto não haverá manuseamento de dinheiro. Vamos também pedir às pessoas que privilegiem o catálogo do festival em formato digital, que estará disponível na app Mafra & Ericeira Experience. Estas são algumas das medidas. O público pode-se sentir em segurança, uma vez que irão ser aplicadas todas as medidas que foram preconizadas no plano de contingência que foi elaborado, em articulação com a Câmara Municipal de Mafra e seguindo estritamente as orientações da Direcção Geral de Saúde.
Como poderá ser feita a participação no festival, na modalidade online?
Este ano, a participação do festival na modalidade online foi, inicialmente, algo que previmos, mas optámos por avançar apenas com a modalidade presencial. Mas, no próximo ano, provavelmente iremos voltar à modalidade híbrida uma vez que, com as restrições nas viagens, as pessoas estão, de facto, a demonstrar que há interesse na versão online. No ano passado, tivemos cerca de 400 pessoas todos os dias a acompanhar o festival remotamente, em todos os cantos do mundo. Parece-me que possa voltar a ser um formato vencedor. Este ano, quisemos optar só pelo formato presencial, por serem os 10 anos do PSFF. Mas irão haver alguns excertos online que irão divulgados pelo Facebook da Câmara Municipal de Mafra e pelas redes sociais do Festival.
Quais foram os critérios seguidos pela organização na selecção dos filmes a serem apresentados?
São-nos enviados bastantes filmes todos os anos. Temos normalmente um período de dois meses para selecção destes documentários. Existem muito filmes que acabam por não serem seleccionados. A nós, interessa-nos bom storytelling, mas também nos interessa uma boa história inspiradora e sobretudo filmes de grande qualidade visual e artística. Estamos, obviamente, a trabalhar num nicho muito específico, que é o cinema de surf, e claro que estamos a falar também da maioria dos criadores serem realizadores à escala não comercial. Assim, existe sempre uma vontade de dar esse palco e essa visibilidade internacional a estes pequenos criadores. Há duas componentes essenciais nos critérios: uma boa história e bons visuais. É essencial que a história seja inspiradora e que o filme, de alguma forma, tenha uma componente não só de entretenimento, mas também educacional.
a única surfista portuguesa de ondas grandes, que reside na Ericeira, será a estrela da noite inaugural
Indiquem-nos três ou quatro filmes que considerem absolutamente imperdíveis nesta edição.
O maior destaque vai para a primeira noite, em que iremos apresentar Big vs Small, em que a protagonista é a Joana Andrade, uma surfista portuguesa, a única de ondas grandes em Portugal, que reside na Ericeira. Ela é a estrela da noite, obviamente, mas também é um filme que tem sido multipremiado em vários festivais e finalmente chega à Ericeira, vai ter a apresentação da Joana. Vamos ficar a conhecer um lado se calhar não totalmente conhecido desta surfista. Mas também tudo o que implica a preparação de uma atleta como a Joana ou de um atleta em geral, para aquilo que é surfar as ondas grandes da Nazaré. Aliás, a Nazaré também está em destaque noutros filmes, como no Enfer and Paradis, onde são entrevistados alguns dos surfistas de ondas grandes desta vila. Esse filme segue sobretudo a história da Justine Dupont, também uma surfista, neste caso francesa, que está a viver na Nazaré e é uma das atletas que maior atenção internacional tem tido. Um outro filme, que tem sido também multipremiado, é o Legacy Surfing, Now and Then. Um filme que é realizado pela Boa Onda Filmes, portanto um filme de produção portuguesa e que se passa totalmente no Açores, olhando um bocadinho para aquilo que são os pioneiros do surf, à medida que acompanham os Surf Masters. Eu diria também que um dos maiores destaques será, sem dúvida na última noite, em que vamos ter o filme da história do Bruce Brown, realizado por Dana Brown. O filho do lendário realizador, que nos anos 60 fez o épico The Endless Summer, vai fazer uma road trip, aquela que viria a ser a última da vida dele, uma vez que Bruce Brown viria a falecer em 2017, deixando um legado extraordinário. Nesta road trip ele vai encontrar-se com alguns dos seus amigos, alguns dos pioneiros, como por exemplo o Jack O`Neill, à medida que revive aquilo que foram os momentos mais caricatos da vida do realizador. Com entrevistas de luxo, este é um filme absolutamente a não perder. Este é sem dúvida um dos grandes destaques deste ano, A Life of Endless Summers, que será exibido na última noite.